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Paul Rodgers, 70 anos: a voz suprema do blues rock inglês

Combate Rock

01/02/2020 06h17

Marcelo Moreira

Paul Rodgers foi definido nos anos 70 por Rod Stewart e Glenn Hughes (ex-Deep Purple e Black Sabbath) como o melhor cantor de rock daquele tempo – sendo superior até mesmo a Freddie Mercury, do Queen.

Não era apenas da boca para fora. O então jovem vocalista inglês blueseiro tinha o respeito da crítica e de público, além da fama de "pé-quente": todo projeto em que se envolvia se transformava em sucesso.

Hoje Rodgers é um respeitável senhor de 70 anos, completados neste mês de dezembro, que teve uma vitoriosa passagem pelo Queen no começo deste século – Queen + Paul Rodgers -, que rendeu dois DVDs, um CD de estúdio ("Cosmos Rock") e um duplo ao vivo ("Return of the Champions").

Ele recebeu uma justa homenagem anos atrás com lançamento do álbum "The Very Best of Free and Bad Company featuring Paul Rodgers", uma compilação que reúne os maiores hits das duas bandas. Não bastasse isso, "Songs for Yesterday", maravilhosa caixa com cinco CDs com o melhor da carreira do Free, também foi reeditada recentemente.

Como ser iluminado que é considerado, o vocalista Paul Rodgers teve a suprema felicidade de encontrar outros três garotos-prodígio em Londres aos 17 anos, em 1967, que também amavam o blues, assim como os heróis Eric Clapton, Jeff Beck e as bandas Cream, John Mayall, Savoy Brown Ten Years After e Fleetwood Mac.

Paul Rodgers (FOTO: DIVULGAÇÃO/SITE OFICIAL PAUL RODGERS)

Rodgers, o guitarrista Paul Kossof, o baixista Andy Fraser e o baterista Simon Kirke fundaram naquele ano o Free, que lançou seu primeiro álbum logo no ano seguinte com clássicos do blues, só que com um sotaque diferente, mais arrastado e mais pesado, com uma timbragem de guitarra mais rasgada.

O quarteto logo chamou a atenção de várias gravadoras e promotores de shows, tornando-se o queridinho do blues-rock britânicos. O auge veio em 1970, com o álbum "Fire and Water", considerado até hoje um clássico do rock inglês e um dos mais importantes do subgênero blues rock.

Ao mesmo tempo em que eram talentosos, os quatro tinham egos imensos e brigavam com muita frrequência. O grupo implodiu em 1972, com a saída de Kossof devido a excesso de drogas e às brigas entre Fraser e Rodgers.

Kossof tentou um gravar naquele ano um álbum solo com a ajuda do baixista Tetsu Yamauchi (que depois foi para o Faces) e do tecladista John "Rabbit" Bundrick (que desde 1979 é músico de apoio do Who). O álbum "Kossof, Testu, Rabbit and Kirke" foi gravado, mas só lançado muito mais tarde.

No final de 1972 houve uma tentativa de reunir o Free, mas as brigas entre Rodgers e Fraser pioraram, assim como o vício de Kossof. O último álbum, "Heartbreaker", de 1973, não contou com Fraser, sendo que Kossof tocou apenas em algumas músicas apenas.

Bundrick e Yamauchi completaram as lacunas, mas não houve jeito, o final foi irreversível. O álbum, entretanto, teve boa recepção, e o maior hit da banda depois da ótima "All Right Now", o maior sucesso: "Wishing Well".

Andy Fraser foi cuidar de sua vida, gravou alguns álbuns solo, mas mergulhou no ostracismo. Morreu em março deste ano, aos 63 anos, em decorrência de problemas causados pela Aids.

Kossof criou a banda Backstreet Crawler, gravou dois discos solo e morreu em 1976 durante um voo entre a Inglaterra e os Estados Unidos. Sofreu um ataque cardíaco em consequência do excesso de drogas.

Paul Rodgers e Simon Kirke formaram o Bad Company em 1974 com Mick Ralphs (guitarra, ex-Mott the Hoople) e o baixista Boz Burrell (ex-King Crimson). Um pouco antes, o vocalista foi sondado para substituir Ian Gillan no Deep Purple.

O quarteto foi considerado o precursor do chamado hard rock, já que Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple faziam o chamado rock pesado ou pauleira.

O Bad Company fez um sucesso estrondoso até 1980, em parte também pelo suporte dado pela Swan Song, gravadora-selo do Led Zeppelin.

Assim como no Free, Rodgers continuou sendo uma usina de hits em parceria com Ralphs e Burell, como "Bad Company", "Feel Like Makin' Love", "Shooting Star" e "Ready for Love".

A formação clássica do Free: da esq. para a dir., Paul Rodgers (vocal), Simon Kirke, bateria, no alto), Andy Fraser (baixo, em primeiro plano) e Paul Kossof (guitarra) (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Uma crise de criatividade e o esgotamento das relações entre os membros culminaram com a saída do cantor em 1982 – o Bad Company continuou ma década de 80 com o vocalista Brian Howe. Rodgers lançou um álbum solo, "Cut Loose", em 1983.

Em seguida, uniu-se a Jimmy Page (ex-Led Zeppelin) na banda Firm, que durou dois anos e dois discos, até 1986. Um hiato de cinco anos e ele volta em 1991 com a banda The Law, ao lado de Kenny Jones (ex-baterista do Who, Faces e Small Faces), que fracassa.

Seu trabalho solo mais marcante é "Muddy Waters Blues", um álbum de 1993 quase todo recheado de músicas do mestre norte-americano do blues tendo a participação de alguns amigos de peso, todos guitarristas, como Jeff Beck, Brian May (Queen), Brian Setzer, Neal Schon (Journey), David Gilmour (Pink Floyd), entre outros.

Após a saída do Queen, uniu-se a Mick Raplhs e Simon Kirke para uma nova encarnação do Bad Company, que fez uma turnê mundial entre 2011 e 2012 e também no ano passado. Boz Burrell morreu em 2006, aos 60 anos, vitimado por um ataque cardíaco quando ensaiava com uma banda em sua casa, na Espanha.

Rodgers é um dos raros talentos que transitam em todas as áreas, msa que sempre deixa a sua marca pessoal e inconfundível com um blues da mais alta qualidade.

Em carreira solo, esteve apenas uma vez no Brasil, nos anos 90, participando do festival Nescafé Blues, em São Paulo. Anos depois, voltou ao país quando cantava no Queen.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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