1966, o ano em que os Beatles mudaram e lideraram o mundo pop
Combate Rock
19/12/2019 06h24
Marcelo Moreira
Os historiadores da cultura pop e da música popular enraram no século XXI produzindo uma safra gloriosa de obras que mergulharam nos detalhes que mudaram todo o panorama da arte ocidental a partir dos anos 1960.
Muitos consideram 1965 o grande ano da virada da música e do rock ao listar uma série de eventos e lançamentos que estão entre as mehores coisas já criadas.
Só que uma geração de escritores está se dedicando vivamente a estudar o ano de 1966 como fundamental para que a cultura pop atingisse o paamar elevado dos anos e décadas seguintes.
Ironicamente, a ponta de lança desses estudos é um livro interessante de um escritor inglês quase setentão, e tem os Beatles, como não poderia deixar de ser, como figura principal.
Steve Turner lançou "Beatles 1966 – O Ano Revolucionário" (com boa tradução de Marcelo Hauck) em 2016 na Inglaterra, obra que somente agora chega ao Brasil pela editora Benvirá. É um membro da grande escola inglesa de escritores/jornalistas/historiadores do rock, que tem também os importantes Mick Wall, Joel McIver, Martin Popoff (embora canadense, segue a escola londrina) e muitos outros.
O livro não é fascinante ou arrebatador como algumas obras que foram lançadas por aqui, mas seu rigor científico e analítico espantam pela profundidade. Turner dissecou mês a mês de 1966 a vida dos Beatles. Usou entrevistas que fez com personagens importantes e os próprios Beatles (começava na época como jovem repórter) e também conversas que manteve com outras pessoas ao longo dos 45 anos seguintes.
Não é só a farta documentação e a pesquisa histórica que impressionam. Os argumentos que utiliza para ilustrar seus pontos de vista são fortes e colocam a interpretação de texto com um dos grandes trunfos de "Beatles 1966".
Baseado em sua argumentação, o ano de 1966 foi o ano da grande mudança da música pop pois significou a grande virada na carreira dos Beatles, qu deixaram definitivamente de ser uma boy band de musiquinhas fáceis pra encantar adolescentes para mergulharem no mundo adulto, com letras mais profundas, reflexiva e maduras. O álbum "Rubber Soul", de dezembro de 1965, já sinalizava as mudanças.
Mas, principalmente, foi o ano da virada porque os Beatles decidiram tomar as rédeas de suas vidfas e carreiras, com a definitiva decisão de não fazerem mais shows, ao menos pelos próximos anos. Essa decisão teve a oposição do empresário Brian epstein, considerado o grande mentor do que os Beatrles tinham se tornado.
Fora dos palcos, os Beatles finalmente poderiam se dedicar os seus interesses pessoais e à pesquisa sonora no estúdio e a composições mais elaboradas.
Tudo isso se traduziu em músicas melhores e em um álbum extraordinário. Primeiro veio o single "Paperback Writer", com "Rain" no lado B, duas músicas que fugiam do padrão e não falavam de amor ou de relacionamentos.
Pouco depois, apareceu "Revolver", o álbum fantástico que frequenta as listas de maiores de todos os tempos. Para muitos, é superior até mesmo ao "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", de 1967, dos próprios Beatles.
Entremeando fatos históricos, brilhantemente interpretados, com entrevistas dos músicos da época, Turner descreve a gênese de "Revolver", seus processos de criação e gravação e a vida pessoal dos quatro músicos, em umm painel detaqlhado mês a mês daquele ano.
Em paralelo, o ator explica como os Beatles foram a vanguarda do processo, os pioneiros de toda aquela mudança, arrastando e empurrando todo mundo para frente e forçando a concorrência – Beach Boys, Kinks, Rolling SDtones, The Who, Cream, Jimi Hendrix, Byrds – a se mexer.
Turner mostra que muitos dos processos evolutivos já estavam em curso, como o movimento hippie e a era psicodélica, a evolução criativa para o rock de Bob Dylan, o reefinamento e a sofisticação da canção e das letras dos Kinks, a fúria pré-punk pesada do Who, o início do rock progressivo com Pink Floyd, The Move e Moddy Blues, tudo isso já em 1965.~Tudo isso ainda estava pulverizado e disperso
No entanto, foi a partir das novas percepções dos Beatles e de seus passos dentro e fora do estúdio é que o pop foi mudando de casa.
O rock passou a ser levado sério não só por causa da mautidade dos artistas e de seus trabalhos, mas porque se mostrou sólido como investimento, que dava retorno rápido e doses cada vez maiores. Intelectuais e artistas de outras áreas finalmente começaram a enxergar a música pop como arte.
Com isso, uma interação entre artes plásticas, música, literatura e jornalismo mudou a visão de mita gente sobre o panorama do entretenimento nos Estados Unidos e na Inglaterra.
E foi uma pataquada, na opinião de Turner, que acelerou a mudança naqele ano mágico de 1966, ano de "Pet Sounds", do Beach Boys, e de "Bring It On Home", de Bob Dylan.
Uma frase solta em uma entrevista dada em fevereiro a uma jornalista inglesa, Maureen Cleave, causou um terremoto quase quatro meses depois, quando reproduzida por uma revista americana.
John Lennon analisava sua relação com a religião e criticava o cristianismo, areditando que ele estava em decadência. Usou como argumento que muita gente na Inglaterra acreditada que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo, o que ele achava incrível, mas de modo a lamentar a questão. Ele abordava a idolatria a pessoas e instituições e isso o assustava.
Fora de contexto, a frase "hoje somos mais populares que Jesus Cristo" foi explorada antes da turnê norte-americana de julho e agosto e provocou protestos de crentes por quase todo os Estados Unidos, forçando Lennon a se explicar e a tentar um envergonhado e discreto pedido de desculpas público.
Fartos de tamanha exposição e sem privacidade (ajudou tambem frcassada passagem por Manila, nas Filipinas, onde foram agredidos por seguranças do governo), os Beatles decidiram abandonar as turnês e os shows ao vivo em várias conversas entre os deslocamentos dos shows. A decisão foi fundamental pra delinear os caminhos que a banda tomaria a partir de então.
De forma direta e sem rodeios, Turner explica os impactos das decisões que os quatro tomaram ara mudar as suas vidas e influenciar toda a cena musical pop.
Para quem gosta de história da música, esse ivro é muito importante para entender o porquê de o rock ter se transformado no que é hoje o porquê de os Beatles terem sido geniais e se tornado eternos como a melhor de todas as bandas.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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