A avalanche que veio do Canadá: Shawn Kellerman
Combate Rock
17/11/2019 06h32
Eugênio Martins Júnior – do blog Mannish Blog
O apresentador anuncia Lucky Peterson Band, mas quem sobe ao palco é Shawn Kellerman (guitarra), Bruno Falcão (baixo), Flávio Naves (órgão) e Fred Barley (bateria). Os três últimos são figurinhas carimbadas no álbum do blues nacional, integrantes da requisitada banda Blues Beatles, já acompanharam vários figurões do blues por aqui.
Os caras sobem ao palco com um lutador sobe no ringue e atacam Love of Mine, energia pura em forma de shuffle, e Kellerman mostra que não viajou ao Brasil só para visitar as belas praias fluminenses.
Faz jus à sua fama de performer enérgico. A cena aconteceu no Rio das Ostras Jazz e Blues Festival (RJ), em junho desse ano, na primeira apresentação da banda, no palco Costazul.
O canadense Shawn Kellerman ainda é um desconhecido no Brasil, mas é o principal integrante da banda de Peterson desde 2012, depois de ter um trecho percorrido com a banda de Bobby Rush, participou do excelente Raw, disco acústico do cantor.
Guitarrista da geração pós Stevie Ray Vaughan, Kellerman entrou cedo em contato com o blues. Seu pai, um entusiasta e integrante de uma banda amadora, foi o principal incentivador, aliado ao fato de também ter tido contato com Mel Brown o guitarrista da banda de Bobby "Blue" Bland, que por sua vez foi um dos grandes cantores de blues de todos os tempos.
Kellerman lançou três discos em carreira solo: "Land of 1000 Dreams" (2007), "Blues Without a Home" (2009) e "Down in Mississippi" (2015).
Recentemente participou como músico e produtor do novo álbum de Lucky Peterson, o petardo "50 Just Warming Up!", celebração aos cinquenta anos de carreira de Peterson, de um dos grandes do blues atual.
Antes de sua entrada em cena no palco Costazul no Festival de Rio das Ostras, um dos maiores do Brasil, conversei com Shawn e com Peterson (entrevista já publicada aqui).
As foto publicadas no blog são do fotógrafo oficial do festival e meu grande amigo Cezinha Fernandes. A produção foi de Stênio Mattos.
Eugênio Martins Júnior – Li que teu pai foi o grande incentivador para você entrar na música.
Shawn Kellerman – Definitivamente ele começou isso. Comecei tocando em sua banda de blues de finais de semana. E levava vantagem porque ele também era um promotor de blues. Então tive a oportunidade de ter contato com alguns blueseiros americanos quando iam ao Canadá, nos arredores de Toronto, onde eu vivia. E ele também me levava em viagens aos Estados Unidos onde pude ver BB King, James Cotton e Buddy Guy. Tinha apenas cinco anos de idade. Veja, ele teve uma banda e depois um clube e esses eram os motivos de viajar para os Estados Unidos frequentemente.
EM – Você falou sobre a coleção de discos dele, você lembra de alguns desses álbuns?
SK – Luther Allison, Albert Collins, Johnny Winter, Otis Clay. No Jazz, Oscar Peterson, Errol Garner. Muitos discos de rock. Mas ele amava Chicago blues, soul music, tinha muita coisa boa.
EM – Qual instrumento que ele tocava?
SK – Piano, mas não era profissional, era mesmo uma banda de final de semana. Mas foi o suficiente para me mostrar o caminho e me apoiar.
EM – Quando vocês saiam de férias iam para as cidades lendárias como New Orleans, Memphis, Austin. Como era isso? Vocês iam nos lugares famosos?
SK – Sim, tinha uns doze anos quando fui ao Chicago Blues Festival e Stevie Ray Vaughan era um dos headliners. E também fui aos clubes clássicos, Kingston Mines, me colocaram a pulseira preta porque não podia beber, mas me deixaram entrar e pude assistir Otis Clay.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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