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Primorosa reedição de 'Arthur' é o embrião da volta dos Kinks

Combate Rock

15/11/2019 06h37

Marcelo Moreira

Na iminência do anúncio de uma reunião dos irmãos Ray e Dave Davies em 2020 para alguns shows com os Kinks, Uma monumental edição de aniversário de 50 anos do álbum "Arthur or the Decline and Fall of the British Empire" chega ao mercado com quatro CDs e um livro extraordionário contando a história da banda e das gravações do álbum.

"Arthur" é um daqueles LPs históricos que moveram o rock para frente e disputa com "Tommy", de The Who, e "S.F. Sorrow", dos Pretty Things, a primazia de ter sido a primeira ópera-rock lançada, algo que o guitarrista, vocalista e líder Ray Davies nunca se preocupou.

Hoje, aos 77 anos, Davies sorri irônico quando ainda lhe fazem a fatídica pergunta, ou quando perguntam se ele ainda acha os Kinks ingleses demais pra fazer sucesso nos Estados Unidos.

Para alguns, "Arthur" é a obra definitiva da banda; para outros, o grande trabalho é "The Kinks Are the Village Green Preservation Society", de 1968, ainda embotado de doses cavalres de psicodelia e folk britânico; muito ainda citam "Lola Versus Powerman and the Moneygoround, Part One", de 1970, obra que mostra maturidade e queinvade outros espaços dentro do rock – e que encerraria o período glorioso da banda.

São três momentos extraordinários do rock britânico, mas "Arthur" pula à frente por se tratar de uma evolução de uma banda de teatro "vaudeville", digamos assim, para um rock mais pretensioso, pesado e amplo.

Ray Davies nunca foi muito afeito a imagens figurativas ou exercícios mais profundos sobre a existência. Exímio cronista da vida inglesa, descrevia com humor ácido e ferino as idiossincrasias e as particularidades excêntricas dos compatriotas.

Tão hábil com as palavras quanto o concorrente Pete Townshend (the Who), três anos mais novo, era mais perspicaz e sabia como usar o sarcasmo e a fina ironia, algo único entre os compositores ingleses, ms que irritava os americanos.

Foi o melhsintetizavam or cronista do rock inglês. Se lhe faltava um refinamento poético que dintinguia Bob Dylan e até mesmo Townshend, sobrava-lhe talento para construir pequenas histórias aparentemente simples, mas que sintetizavam todo um mundo de excentricidades e peculiaridades.

A reedição de "Arthur" apresenta em quatro CDs um disco remasterizado do álbum original em estéreo e mono, faixas bônus, demos, ensaios, remixes, performances da BBC e um LP solo perdido de Dave Davies da época.

O álbum é conceitual comentando a mudança de cidadãos diferenciados de Austrália para a Inglaterra após a II Guerra Mundial, retratando conflito geracional na Londres sessentista e o choque entre a modernidade do comportamento "moderno" com o pensamento conservador que ainda resistia – a homossexualidade era poribida por lei na Grã-Bretanh até os anos 70.

De certa forma, foi uma continuação "The Kinks Are the Village Green Preservation Society", que também deu o passo inovador de contar uma história ao longo de um álbum inteiro.

"Eu comecei o Arthur antes do final do 'Village Green"', disse Ray Davies, em comunicado quando do lançamento da megacaixa. "Os álbuns pegam carona uns com os outros porque estão unidos."

Dave Davies começou a gravar seu primeiro LP solo durante as sessões originais de "Arthur", mas ele nunca o terminou. "Uma das razões pelas quais o álbum não terminou foi porque eu senti que a administração e a gravadora do The Kinks estavam me forçando demais", diz Dave no mesmo comunicado. "Eu me senti muito confortável em estar no The Kinks e parecia gratificante fazer parte de uma banda. Eu realmente não queria mais. Eu não entendi o ponto."

Ouvi as músicas de Dave novamente depois de todo esse tempo", disse Ray, "e eu as achei bastante emocionantes porque eram como a história de fundo do que os The Kinks estavam passando na época."

O livro traz ensaios sobre os Kinks, novas entrevistas com os membros sobreviventes do grupo, fotos do período e o roteiro de uma peça proposta de "Arthur" que nunca saiu do papel.

O processo de montagem dessa caixa obrigou Ray e Dave a passar um tempo juntos no estúdio. Foi um processo doloroso, mas necessário, de reencontro e reconexão entre os irmaos, que brigaram a vida inteira, mas com um racha definitivo em 1996, que acabou com os Kinks, funddos oficialmente em 1962.

Ao longo do caminho, eles começaram a tentativa de gravar novas músicas e terminar as antigas. Era inevitável que discutissem um show de reunião ou turnê para 2020, algo que pode levar até ao lançamento de um álbum com inéditas.

"Pergunta interessante", Dave disse à revista Rolling Stone no início de outubro. Eu realmente não sei. Eu acho que é possível. Não está fora de questão. Mas, nesta fase, é muito cedo para dizer. Seria divertido, não?"

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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