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Pelo direito de ficar no palco até os 90 anos

Combate Rock

14/11/2019 06h35

Marcelo Moreira

Scorpions no paçlco do Rock in Rio 2019 – o vocalista Klaus Meine tem 71 anos e mandou bem (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Qual foi a útima música inédita/autoral que B.B. King, um gigante do blues, gravou e lançou antes de morrer aos 89 nos de idade? Qual foi o último grande lançamento inédito de Buddy Guy?

Ninguém lembra ou faz questão de lembrar, mas os dois blueseiros são quase unanimidade como excelência musical e de performance mesmo após os 60 ou 70 anos de idade.

O curioso é que a maior parte dos mesmos que louvam os gênios veteranos do blues rejeitam a possibilidade de de roqueiros envelhecerem nos palcos.

Adoram malhar o quase setentão David Coverdale, por exemplo, por conta de sua voz menor em shows recentes do Whiotesnake no Brasil.

Malharam sem dó Jon Bon Jovi por conta de suas performances nem tão boas aos 60 anos de idade e são os primeiros a apontar o dedo para o hoje cantor country Robert Plant (ex-Led Zeppelin), 71 anos, e Ian Gillan (Deep Purple), 75 anos. "Onde está a voz desses caras?"

A pretensa separação do Skank – na verdade, a banda apenas anuciou uma parada por tempo indeterminado – suscitou uma série de discussões sobre a "velhice" dentro do rock e sobre quando uma banda/artista deve parar.

É uma discussão inútil e desrespeitosa. Quem decide quando deve parar é o artista. Pressionar uma banda veterana é pelo seu fim, seja lá qual for o motivo ou a tosca opinião predominante, não só é estúpido como fora de propósito.

É legítimo e aceitável que se critique shows ruins, álbuns péssimos e qualidade aquém de material autoral novo, mas soa absurdo qualquer "sentença de aposentadoria compulsória" baseado em achismos e meras opiniões pessoais.

O mesmo que critica Coverdale ou Mick Jagger por insistir no rock e em shows ao vivo é o mesmo que aplaude a longevidade de Buddy Guy e que babou nos shows de B. B. King e John Mayall octogenários – e sem exigir desses performances de um Pelé ou Maradona no auge da idade e da forma.

Que se deteste um artista e que se critique sua música ruim e suas patéticas performances. Entretanto, lutemos para que o mundo deixe de passar vergonha com a asquerosa "decretação de aposentadoria compulsória" para qualquer tipo de artista. É extramente desagradável escutar esse tipo de impropério de gente incapaz de apreciar qualquer tipo de arte.

E é bom lembrar que, a qualquer momento, sempre haverá algum tipo de ser pobre de espírito à espreira pronto para decretar a sua própria aposentadoria no seu trabalho, no seu emprego ou na sua vida.

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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