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Motorocker inaugura nova fase com a 'internacionalização' da marca

Combate Rock

24/09/2019 06h49

Marcelo Moreira

Motorocker (FOTO\; DIVULGAÇÃO)

Uma carreira internacional depois de quase 30 anos de carreira. Parece improvável, mas a banda paranaense Motorocker, uma das mais divertidas do rock nacional, está dando um passo importante dentrro de uma trajetória que faz inveja a muita banda por aí.

"Pode até ser inusitado, mas nos deixou muito orgulhosos esse interesse do exterior em nossas músicas. Além do reconhecimento, é uma janela importante que se abre", diz o vocalista Marcelus dos Santos.

A banda faz parte do grupo de bandas de hard rock que cantam em português com letras engraçadas (não engraçadinhas) e bem sacadas, com duplos e triplos sentidos. Está na ótiima companhia de Cracker Blues, Velhas Virgens, Matanza (e Matanza Inc.), Baranga, Overhead e Carro Bomba, além do maravilhoso Golpe de Estado.

É rock escrachado e barulhento, feitoe para divertir e para cutucar, ainda que seja de leve. E como surgiu o interesse do exterior por esse tipo de som, e ainda cantado em português?

"Pois é, algum desavisado ouviu e se interessou (risos). Não podemos informar ainda o nome do empresário e do selo que estão nos apoiando, é uma questão deles, mas adianto que esse suporte é algo que vai nos beneficiar de muitas formas", afirma Santos.

A nova parceria, ao que tudo indica, prevê a divulgação do Motorocker em países de língua espanhola, em um primeiro momento. É possível que a internacionalização em seguida seja expandida.

Por conta disso, o novo álbum da banda, que poderia sair este ano, teve seu lançamento adiado. Segundo o vocalista, a parceria abriu novas possibilidades, até porque a produção terá alguma coisa de diferente. "Estamos gostando muito dessa nova forma de trabalhar, Estão ocorrendo sugestões e dicas, o que torna a situação mais instigante."

Ainda é cedo para se pensar em turnês internacionais, de acordo com o músico, já que o trabalho da parceria está no começo. Até porque é necessário, antes de tudo, driblar a situação econômica complicada do Brasil que afeta a realização de giros pelo Brasil. Entretanto, o otimismo chega a ser contagiante.

"É complicado falar em melhor fase para uma banda de quase 30 anos de estrada. Só queremos saborear este momento e trabalhar duro para fazer dar certo. E vai dar certo, se depender de nós", crava Santos.

Um dos desafios do Motorocker é conseguir passar a vibe da banda, com suas músicas irônicas e sarcásticas, algo bem brasileiro. Santos não se preocupa com isso e informa que há uma estratégia para que os "gringos" saquem o que está sendo dito, embora sem entrar em detalhes.

Sem dúvida, terá de ser uma estratégia diferenciada. Como fazer um argentino ou espanhol entender as nuances de letras tão características como as contidas em um álbum emblemático como "Igreja Universal do Reino do Rock"? Como transmitir o sarcasm de letras como as da música "Blues do Satanás" em países das Américas do Sul e Central, frtemente influenciados pela religião católica?

"Essa letra é engraçada e creio que o clima vai ser sacado por todos, caso um dia a executemos no exterior", diz Santos. "Eu estava em um parque de Curitiba, quando recebi o convite para ir a uma festa em uma chácara. Eu fui fiquei dois dias seguidos só com a roupa do corpo. A animação era total quando chegou lá, uma verdae parecido, aqui ou no exterior?"

Esse é o clima que permeia a carreira do Motorocker. Mas a história da letra não para por aí. "Em determinado momento, eu tocava violão perto de uma fogueira, coisa acústica, quando uma mulher que se encontrava na festa, pediu algo na linha paz e amor. De imediato, um cara gritou: 'Que paz e amor o caralho, toca um blues para o satanás aí"'. Ouça a música em https://open.spotify.com/track/4LLRJai8xN9zOj9FqYlOHl?si=1y1BMvPmQiCjs_8wi1nnCQ.

A decolagem do Motorocker para a "internacionalização" é um passo significativo para uma banda underground que sempre se caracterizou pelo som pesado e pelo clima festeiro com a cara do Brasil zoeiro. A formação atual conta copm Santos nos vocais, Silvio Krüger no baixo, Luciano Pico e Eduardo Calegari nas guitarras e Juan Neto na bateria.

P.S.: E como terminou a hoistória da composição de "Blues do Satanás"? "Depois que o cara gritou para tocar uma música do 'demo', criei o refrão 'Estava eu e a malária reunida em torno da fogueira madrugada quase dia', isso por volta das 4h da manhã. Do nada e no exato momento em que antei isso, o músico cantava esse verso, surgiu na escuridão, ou do meio da mata, um polaco vermelho igual ao diabo, completamente chapado e começou a virar uma dose de cachaça atrás da outra, algo em torno de 20 para mais doses. De repente, esse polaco começou a falar em uma língua nunca jamais escutada por qualquer um que estava presente na festa, algo que parecia a língua do Satanás. Esse momento foi fundamental para conclusão da letra.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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