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Metal Brasil: Devachan arrisca e acerta; Voodoopriest muda e recomeça

Combate Rock

17/09/2019 06h46

Marcelo Moreira

História, filosofia, luta, perseverança. Bandas brasileiras de rock pesado voltaram a apostar em temas diferenciados em um mercado cadfa vez mais saturado e encolhido, e o português está voltando a ter protagonismo. Dois dos expoentes dessa praia acabam de lançar dois bons álbuns que surpreendem pela qualidade da produção e de conteúdo.

A banda Devachan, do interior de São Paulo, demorou para voltar ao mercado, e o fez em grande estilo. "Regeneração" é o segundo trabalho do grupo, que sucede o EP "Andarilho", de 2014, que chamolu a atenção pela qualidade das letras e pelos arranjos que beiravam o prog metal.

Apesar de ser o segundo trabalho, as origens do Devachan remontam ao final dos anos 80, quando Daniel Dias escreveu suas primeiras letras e as musicou.

Baixista e guitarrista, inoculou o vírus do rock nos filhos Gabriel (vocal) e Leandro (guitarra), que resolveram convidar o pai para montar a banda em 2010. Completam o time o tecladista Michael Veríssimo e o baterista Thiago "Zico" Teixeira, que gravou todas as baterias do álbum.

O som que a banda produz é muito superior ao registrado no primeiro EP. Bem gravado e produzido, "Regeneração" traz uma equilibrda mistura de hard rock, rock progressivo e prog metal, com uma profusão de solos de guitarra e belos arranjos de teclado.

É um som diferente do que estamos acostumados a escutar em português. Com ecos de bandas progressivas nacionais dos anos 70, o Devachan foge um pouco de polêmicas e aposta em temas espitiruais e filsóficos, como na faixa-título, a mais pesada do álbum, e na etérea "Devachan".

"Loucuras, Guerras e Poesias" é mais cadenciada, com o um excelente trabalho de guitarras, enquanto que "Olho por Olho" e "Caminho do Medo" são mais diretas e têm mensagens mais explícitas. Na segunda, a guitarra dá o tom e mergulha em climas que remetem a Rainbow, Deep Purple e Uriah Heep.

"Jogo da Vida" já não tem o mesmo fôlego, procurando um direcionamento mais pop, mas tem qualidades, mostrando que o Devachan é uma banda versátil e berta a inúmeras influências.

O Voodoopriest, por sua vez, começou com tudo e parecia que despontaria como um dos nomes principais do death metal nacional, especialmente com a presença do vocalista Vitor Rodrigues (ex-Torture Squad).

Impressionante no palco, a bandfa estrou forte com "Mandu", um álbumuma  conceitual baseado na história de um líder indígena do Piauí do século XIX que enfrentou os poderosos da época.

Sem muita explicação, o Voodoopriest demorou para engatrar uma série de shows e iniciar os trabalhos do segundo álbum. Foi o suficiente para que problemas internos surgisse e fizessem com que Rodrigues partisse em busca de novos ares, agora com a banda Victorizer.

O Voodopriest seguiu em frente e lançou recentemente "Cipó dos Mortos", também com temática indígena e trocando o inglês pelo português.

Como se fosse possível, o novo CD vem ainda mais pesado e furioso, com o baixista Bruno Pompeo assumindo os vocais. Em vez de se concentrar em uma única história, o grupo agora passeia pela história dos povos latino-americanos pré-colombianos.

É uma porrada atrás da outra, com o thrash/death comendo solto e as guitarras gravadas em altíssimo som e numa velocidade alucinante, especialmente na música "Voodopriest".

"Mandu e o Povo do Pó" é uma aula de metal extremo, com a bateria de Edu Nicolini (da banda Anthares) criando um ambiente de fim de mundo, algo parecido com o que ocorre na faixa "Caboclo".

Há também crítica política, como na intensa "Inteligência Articifial" e na paulada "Sinistro Governo Secreto", que apresentam, riffs de guitarra bem bacanas.

Não dá para não notar a extraodinária recuperação do Voodoopriest após a saída de Vitor Rodrigues. O CD é muito bom e mostra vitalidade diante de uma mudana tão importante.

Só que não dá para não ressaltar o risco grande que a banda enfrentará justamente pela saída de um ótimo vocalista e, pincipalmente, pela mudança crucial de idioma. É um recomeço praticamente do zero para uma banda que largou muito bem e impressionou com seu primeiro álbum.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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