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Meninas em fúria: as novas vozes do hard e do metal do Brasil

Combate Rock

24/06/2019 07h23

Marcelo Moreira

Ignispace (FOTO: DIVULGAÇÃO)

As meninas retomaram o fôlego no rock nacional neste primeiro semestre e ocuparam um bom espaço em um mercado que estava carente de boas novidades.

Essa tendência fica consolidada agora após o movimento passar por uma revigoração no metal extremo a partir de 2017, com a ascensão das bandas femininas Nervosa, Melyra, Sinaya e também do Torture Squad, com a vocalista May Puertas.

Na seara do hard rock e do rock tradicional, quatro bandas de São Paulo e uma do Rio de Janeiro com mulheres cantando dão novo impulso para que as garotas tomem o protagonismo nestes tempos de dificuldades nas áreas de cultura e educação, em todos os sentidos.

A banda Blixten, de Araraquara, surgida em 2010, faz uma aposta forte na voz metal-punk de Kelly Hipólito, que dita o ritmo das cinco canções de "Stay Heavy", o primeiro EP.

O canto é quase cuspido, rasgado, abusando da rispidez e da ira da moça, que bebe um pouquinho na fonte da alemã Doro Pesch (ex-Warlock). A faixa-título é um tapa na cara, veloz e pesada, enquanto que "Trapped in Hell" e "Strong As Steel" flertam com o punk rock com andamentos bem rápidos e retos, com solos econômicos e uma bateria bem marcante.

Assim como a Sinaya, a Blixten tem muito potencial, e "Stay Heavy" é um bom cartão de visitas. Além de Kelly,  o grupo tem o guitarrista Miguel Arruda, o baixista Aron Marmorato e a nova baterista Larissa Futenma, e entre suas principais influências o grupo cita nomes como Twisted Sister, Iron Maiden, Anthrax e Warlock. O grupo revelou o nome do primeiro álbum do grupo: "Until The Dead Starts To Bang".

Vox Ígnea

Outra boa banda paulista de hard rock, desta vez cantando em português, é a Vox Ígnea. Raquel Lopes, a vocalista, nem tem uma voz tão potente, mas compensa com muita intensidade na interpretação e pela boa noção de melodia. A banda por enquanto tem apenas um EP lançado.

O grupo ainda está divulgando o seu novo videoclipe, para a faixa "Bêbada de Rum", a melhor do trabalho. É um hard rock direto, suingado e vigoroso, ainda que a voz de Raquel esteja um pouco abafada.

As letras também apresentam certa malícia, mas a Vox Ígnea prefere não ser explícita e cai de cabeça nos clichês do rock e do blues. O resultado é interessante, revelando que há potencial para rivalizar com a Fábrica de Animais no hard/blues rock em português.

"É divertido tocar a 'Bêbada de rum', espero que também seja assim para quem a escuta, espero que quem ouve também se divirta", diz Raquel.

O disco, que está disponível em todas as plataformas digitais, contém cinco músicas autorais e foi gravado no estúdio Dual Noise de São Paulo. Rogério Wecko coproduziu o trabalho com o guitarrista Rodrigo Santos.

Vox Ígnea (expressão em latim, que significa "a voz do fogo") já é uma das queridinhas do circuito underground de São Paulo. A agenda lotada contrasta com a dificuldade que a maioria das bandas tem de encontrar lugares para tocar.

Recentemente, o grupo foi a atração principal de um festival com bandas com mulheres nos vocais em São Paulo, o que ajudou a divulgar o trabalho "Em Chamas". Para os integrantes, foi um passo decisivo para que passassem a ser olhados com mais profissionalismo.

Freesome (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A terceira banda paulista é a Freesome, antiga Threesome, de Campinas. A mudança de nome é recente, como explica a cantora Juh Leidl, que também é artista plástica: "Com o nome anterior havia um conceito, o que, de certa forma, restringia um pouco o nosso espectro. Queríamos mais iberdade, o que pretendemos como o novo nome".

Agota um quarteto de música autoral, a Freesome é formda por Juh Leidl (vocal), Fred Leidl (guitarra/vocal), Bob Rocha (baixo) e Henrique Matos (bateria).

Aproveitando as sessões de gravação do EP  "Keep On Naked", o Freesomeainda registrou uma versão bem peculiar para "Badlands", clássico do AC/DC de 1983, que fez parte do tracklist de "For Those About To Brazil… The Brazilian Tribute To AC/DC" lançado pela gravadora Secret Service da Inglaterra.

Kelly, cantora da banda Blixten (FOTO: DIVULGAÇÃO

Os paulistas do Ignispace tem como vocalista Larissa Zambon, que tem voz potente e melódica, com bom alcance de notas altas e versatilidade na busca de timbres mais pesados.

O grupo continua divulgando o EP "Rise Beyond", mas anuncia o título de seu primeiro álbum, "Inner Source", que será lançado ainda em 2019.

Também doRio, a banda Lyria conta com a cantora Aline Happ, uma das grandes vozes do rock brasileiro. A moça ainda tem um desafio extra, que é surfar em uma onda considerada fora de moda, o metal sinfônico com ter gótico.

Sua voz angelical remonta às bandas europeias com essa tradicção, como Tristania e Leave's Eyes, embora o instrumental seja um pouco mais pesado e veloz.

O novo álbum, "Immersion", do ano passado ganhou rápida projeção internacional e lançou o quarteto para uma sére de concertos na região Sudeste neste ano.

Lyria (fOTO: DIVULGAÇÃO/ROBERTA GUIDO)

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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