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Guitarras em alta: Alex Skolnick, Martin Barre, Robin Trower, Adrian Belew

Combate Rock

07/06/2019 06h45

Marcelo Moreira

Enquanto as paradas musicais que ainda restam registram músicas rock impulsionadas por filmes de grandes bilheterias, como "Bohermian Rhapsody", que retrata o Queen, e "Rocketman", com a carreira de Elton John, alguns guitarristas saíram da toca e colocaram material novo no mercado, e com bastante qualidade.

Erudito, virtuoso e eclético, Alex Skolnick retomou o trabalho com seu trio de jazz enquanto a sua banda de thrash metal, o Testament, segue de férias.

"Conundrum" é quinto disco de seu projetoe chega ao mercado após oito anos do lançamento de "Veritas". Com seu toque sutil e delicado, Skolnick recria melodias e fraseados que eram muito comum nos trabalhos de Joe Pass, Wes Montgomery e Larry Corryel, mestres do jazz.

O álbum é excelente, com a síntese de uma carreira marcada pela versatilidade. Tem blues, tem ritmos latinos e um pouquinho de rock bem temperado com o que se pode chamar de pegada moderna do jazz, com bastante improvisação, algo que pode remeter ao trabalho extraordinário de outro mestre norte-americano, John Scofield. "Dodge the Bambula" e "A Question of Moral Authority" são os destaques.

Versatilidade também é uma marca da elegante guitarra de Martin Barre, que ficou quase 40 anos como o escudeiro do cantor e flautista Ian Anderson na banda britânica de rock progressivo Jethro Tull.

De formação jazzística e um excelente músico de blues, Barre foi a peça fundamental para catapultar o Jethro Tull nos anos 70 como uma das mais importantes daquele tempo com sua temperada mistura de jazz, blues e folk de inspiração celta.

Com o fim da banda em 2011, Barre retomou sua carreira solo com lançamentos consecutivos, sendo o mais recente "Roads Less Travelled", onde ele expande o seu repertório acrescentando elementos mais modernos, interagindo com outros gêneros musicais.

Para quem se acostumou com o blues moderno instrumental do guitarrista nos últimos anos, o novo CD é impactante e diferente, contando com vocais fortes e um pouco agressivos, mas o essencial está lá, com guitarras elétricas e seu timbre inconfundível, guitarras acústicas, mandolins e outras espécies de instrumentos de corda.

A faixa-título mostra a força da pegada de Barre, assim como "Out of Time" e "For No Man" expõem as pesquisas sonoras que o músico vem fazendo desde o fim da parceria com Ian Anderson.

Ele prepara para este ano mais um trabalho, "MLB – 50 Years of Jethro Tull", um tributo próprio aos seus 50 anos de carreira e a banda que o projetou.

Do rock progressivo também emerge o guitarrista norte-americano Adrian Belew, ex-King Crimson que ainda náo digeriu muito bem a sua exclusão da banda liderada por Robert Fripp na nova encarnação da fantástica banda inglesa, reformada em 2015 e toca pela primeira vez no Brasil neste ano, no Rock in Rio e em São Paulo.

Um dos muitos músicos talentosos egressos do entorno de Frank Zappa, Belew fez parte da formação de maior sucesso comercial do King Crimson, entre 1981 e 1985, para retornar ao grupo entre 994 e 2003.

"Pop-Sided" chega ao mercado após dez anos de seu último trabalho solo e dois após participar do supergrupo Gizmodrome, que tinha Stewart Copeland (ex-The Police) em sua formação.

O nome já entrega a vertente: o cantor e guitarrista passeia por temas mnais acessíveis, com toques modernos e uma sonoridade diferente e um pouco experimental. Ele cantou e tocou todos os instrumentos.

Uma das curiosidades é uma recriação de "Rocky Racoon", dos Beatles, uma música originalmente gravada como um a pegada country. Belew desconstrói a canção e obtém um resultado interessante.

"When Is It Come Back" é um passeio livre guiado por uma guitarra noise, mas com estrutura de canção pop, enquanto que "Obsession" e "The Ladder of Life" mostram um arsenal vigoroso de riffs e fraseados que sempre o credenciaram como um dos músisocs mais inventivos do rock.

Outro veterano que ressurge é Robin Trower, o mago inglês que disputou cabeça a cabeça com Peter Frampton o posto de grande herói da guitarra na segunda metade dos anos 70.

"Coming Closer to the Day" traz o guitarrista afiado, mas ainda atrelado ao blues rock que o consagrou. Trower é mestre na construção de riffs e na execução de solos inspirados e flamejantes, como na ótima canção "Tide of Confusion" e na instigante "Tell Me (Coming Closer to the Day)", um bluesaço contagiante e encharcado de groove.

É um álbum bacana de ouvir, que traz reminiscências de seu trabalho com o amigo e gênio do baixo Jack Bruce, morto em 2014.

Não há novidades e não espere originalidade, só que o feeling do guitarrista inglês é suficiente para compensar eventais "escorregadas" (que não ocorreram, diga-se de passagem).

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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