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Paulo Baron: o garoto sonhador que conseguiu vender sonhos

Combate Rock

23/05/2019 06h35

Marcelo Moreira

Paulo Baron (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Um garoto que teve de correr e suar bastante na infância e trabalhar cedo, em várias ocupações. A principal delas, no entanto, foi a que mais o marcou: vender salgados e doces na própria casa, enquanto os pais, intelectuais e professores, davam aula no andar de cima para pessoas de várias classes sociais, sobre varidados assuntos.

A educação seria fundamental para o moleque sonhador de Guadalajara construir uma carreira onde se especializaria em vender sonhos.

E foi com essa ética no trabalho que Paulo Baron Rojo, amante do rock e das artes, apaixonado por rock pesado e por música em geral, partiu para Barcelona e para Londres e trilhar o caminho do entretenimento.

Criou uam empresa aos 19 anos de idade na Inglaterra, desbravou um mundo inóspito e derrubou várias barreiras na base da cara de pau, do coleguismo e do cumprimento estrito dos contratos – tudo tendo a educação como base dos negócios.

Paulo Baron nasceu no México e prosperou como empresário do show business na Inglaterra, mas foi na volta ao México e, principalmente, na mudança para o Brasil, por volta de 1999, que se tornou definitivamente uma referência na área do entretenimento na América Latina.

Pra marcar os 30 anos de crianção da Top Link, respeitada empresa de agenciamento de artistas e produção em nível internacional, Baron escreveu e lançou o livro "Rocking All My Dreams" (Editora Verso, de Curitiba), em parceria com o amigo e jornalista Emerson Anversa.

"Quando me decidi a escrever esse livro, foi como abrir um baú cheio de lembranças e histórias. Me lembrei da quantidade de emails e de pessoas que chegaram a mim e me disseram: 'Você se lembra de que me deu a primeira oportunidade de fotografar, ou trabalhar no show business, ou subir em um palco grande, e hoje sou um artista famoso?' Olho para meu presente e ainda me sinto com energia e imaginação. Mas quando olho para trás, vejo que se passaram 30 anos, e essa é uma bagagem muito importante", conta o empresário.

Visto como um experiente parceiro de negócios e um implacável perfeccionista, frequentemente é comparado com a empresa financeira Crefisa, que patrocina o Palmeiras: todo artista quer o seu suporte e o da Top ink, que administra carreiras como as do Angra, Malta e Massacration.

"Claro que esse tipo de referência acaba tendo os prós e os contras. Se somos cobiçados por casa do bom trabalho que fazemos, por outro lado há situações em que temos de esclarecer as coisas para que não haja equívocos. Noós trabalhamos com projetos  na Top Link, e nem todos estão de acordo da forma como pensamos o negócio", diz Baron.

O mexicano é bastante respeitado por sua ética "cartesiana" nos negócios e pela lealdade com que lida com parceiros, artistas e funcionários.

Explosivo e emotivo, às vezes exagera no dia a dia quando as coisas não seguem um padrão ou no famoso "tinha de ser assim e não assim", o que é, às vezes, motivo de queixas de amigos mais próximos e colaboradores nas inúmeras atividades em que se envolve. Temido? Às vezes, mas acaba sendo uma coisa rara no cotidiano do empresário após as pessoas o conhecerem melhor.

Entretanto, todos os que o conhecem são unânimes: trabalhar na e com a Top Link é um aprendiado valioso – lembram-se da escola na casa da família, em Guadalajara? Educação na base de tudo.

O livro é a autobiografia do empresário, mas não segue a cronologia rígida de sua vida. Ele desfila "causos" e uma série de episódios que ilustram as dificuldades do show business.

Orgulha-se das amizades que fez sobretudo no Brasil e faz questão de dizer que tem intimidade com ídolos do rock que se tornaram clientes, como a banda alemã Scorpions. Faz questão de deixar claras suas influências pssoais e seus procedimentos no dia a dia dos negócios, além de suas crenças na família, na organizxação e na educação.

O livro é simples, de leitura fácil e sem arroubos literários. De forma rápida como uma sucessão de hits do AC/DC, Baron enfileira situações complicadas de sua vida e os "cases" de sucesso no entretenimento, bem como as dificuldades com a falta de dinheiro para empreender em Londres, enquanto cursava cinema na faculdade.

Também é interessante a sua narrativa dos revéses que sofreu em mais de 10 mil shows e eventos promovidos nos 30 anos de Top Link, como os muitos prejuízos que teve, seja por erro de avaliação, por incompetência de terceiros ou por situações inesperadas.

É um livro para quem gosta de rock e entende as várias situações narradas sem precisar de várias notas de rodapé ou esclarecimentos do editor.

É legal ver como um fã se tornou bem-sucedido trabalhando com música e com rock, e como é difícil lidar com promotores de shows que às vezes são bandidos (leia o caso do promotor de shows da cidade Chihuaha, no México) ou somente inexperientes, para nao falar de músicos que demonstram alguma falha de caráter – leia o triste caso de Joey DeMayo, baixista do Manowar, no episódio acontecido na Argentina.

Se é uma obra para consumo rápido para delete do fã de rock e de música, ela decepciona quem procura mais informações sobre o modo de operação da Top Link.

Por mais que ele louve a cada três páginas a importância de Deyse, a companheira de 30 anos e mãe de sua filha, como fundamental para manter a administração da empresa, falta uma descrição mais aprofundada de como funciona o próprio negócio de produção de shows.

Justamente por ser referência, o surgimento da Top Link e seu esquema de trabalho bem-sucedido suscitam curiosidade. Baron cita várias vezes a intuição, a criatividade, de como costuma ter muitas ideias e de como fazer o diferente, mas a questão apenas esbarra no essencial.

É claro que não se trata de entregar o segredo do sucesso, mas um cara competente e importante como ele poderia mostrar o poquê de ter se tornado uma referência, a ponto de artistas e empresários das maiores estrelas do rock o chamarem pelo nome e ligarem para seu celular apenas para bater papo.

Seria legal saber como Baron se safou dos prejuízos das duas primeiras edições do Live'n'Louder, festival de rock paulistano de 2006 e 2006. E de como lidou com os fracassos das turnês de Foreignere Blue Oyster Cult pelo Brasil.

Para um empresário que afirma não ter o talento para a administração (santa Deyse, olhe ela aí de novo…), é crucial manter um esquema eficiente de obtenção de informações para elaborar um plano eficiente para cada evento. Onde obtém essas informações? Que tipo de consultoria mantém por perto ou recorre? Será que só a sua assumida temosia serve de parâmetro?

Talvez muito exigir algo desse tipo em uma obra despretensiosa que nada mais tentou do que contar a história de um sonhador que enxergou diversas oportunidades de vender o sonho do rock para milhares de fãs e, por que não, para muito músicos.

"Qualquer pessoa tem de perseguir seus sonhos. Quando consegue, e o ápice de sua vida. Para mim, os 30 anos da Top Link é a construção de uma vida e a materialização de um sonho, a realização de um sonhador que ajudava os pais na escola, em casa, e que depois ganhou o mundo. Eu acreditei no meu sonho e tenho convicção de que todo mundo tem de acreditar em tornar seu sonho possível. Sinto que sou um cara de muita sorte", afirma o empresário.

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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