Topo

Whistesnake entrega o de sempre, mas com certo requinte

Combate Rock

22/05/2019 07h00

Marcelo Moreira

Quando quer, David Coverdale faz o que for preciso para voltar ao topo. Esse é, em linhas gerais, o comportamento do grande cantor inglês que fez parte do Deep Purple e que comanda o Whitesnake há mais de 40 anos.

Os guitarristas atuais da banda, Joel Hoekstra e Reb Beach, foram bem francos na entrevista que concederam à revista Roadie Crew, na edução de abril de 2019, sobre como funciona o Whitesnake.

"Coverdale é ma usina de ideias, mas também é imprevisível. Faz tempo que lançamos o último álbum autoral e nada indicava que comproíamos e gravaríamos tão cedo. E eis que temos em mãos 'Flesh and Blood"', disse Beach.

Entre vários hiatos nma carreira, David Coverdale tem se especializado em manter o suspense. O ritmo de shoiws deu uma desacelarada, e o próprio cantor vive dizendo, ao final de cada turnê, que precisa reavaliar várias coisas. Sorte que desta vez o período sabático deu certo.

"Flesh and Blood" é o novo álbum da banda, que vai dar suporte para a turnê mundial que está em andamento e que passará pelo Brasil em setembro.

Além disso, chegou ao mercado um presentão para os fãs: uma versão de "Slide It In", talvez o melhor álbum já gravado pelo Whitesnake.

É uma edição comemorativa de 35 anos do lançamento, ocorrido em 1984. São seis CDs e um DVD, com preço bem salgado, é claro, mas com muito material para enlouquecer colecionadores.

No material de áudio temos o CD original remixado e remasterizado e mais uma série de faixas com mixagens diferentes, gravações demo e ao vivo, entre outras preciosidades.

Quanto ao novo CD, é um trabalho de fôlego, que parece seguir a mesma onda de "Forevermore", de 2011, em relação à produção.

O som hard aindas está grandioso, com uma produsão de guitarras altas e teclados estrondosos, mas com menos excesso do que pudemos observar em "The Purple Album", o trabalho anterior, de 2015, com releituras desnecessárias de clássicos do Deep Purple da época em que Coverdale cantou lá.

"Good to See You" abre o trabalho e dá uma amostra do que vem por aí: guitarras fortes e frenéticas, com aquela pegada hard "estradeira", boa para ouvir em festas e viagens, bem na linha da faixa "Shut Up & Kiss Me", o primeiro single, que é versátil, pesado, rápido e pegajoso, lembrando o hard rock californiano oitentista.

Mais do mesmo? Ok, é às vezes repetitivo e sme muita originalidade, mas o que poderíamos esperar de diferente do Whitesnake desde que deixou o blues de lado na época do primeiro Rock in Rio para investir naquele tipo de som mais americanizado dos anos 80?

Coverdale nunca se esforçou para querer mudar o que sempre deu certo e nunca escondeu isso. As letras melosas falando de amor sempre vão predominar, por mais sutil e elegante que, às vezes, a banda soe.

O blues também não sumiu, mas de vez em quando fica soterrado por camadas de guitarras pesadas e teclados berrantes. É um padrão que a banda vem mantendo desde o álbum "Good to Be Bad", de 2008, que foi o retorno os estúdios da banda depois de 11 anos.

A faixa-título tenta resgatar aquele tipo de hard rock arrasa-quarteirão dos anos 70, com muita ênfase em riffs de guitarra, e o resultado é interessante,

O grupo também soa mais inspirados nas baladas, que misturam blues e country music em doses certas em uma tentativa de escapar das músicas românticas à la Wando.

"Heart of Stone" resvala um pouco na breguice, mas tem um trabalho de violões elogiável. "After All" vai na mesma linha, com uma letra um pouco mais trabalhada e nem tanto melosa.

"When I Think of You (Color Me Blue)" é a escorregada feira, mas não seria um disco do Whitesnake se não houvesse a balada "xaroposa". Surpreendente, no entanto, é uma das faixas bônus de uma edição de luxo, "Can't Do Right For Doing Wrong", uma canção forte e emotiva, que passa longe de ser uma baba.

Para mostrar que a mesmice nem é tão mesmice assim, duas músicas se destacam como grandes trunfos roqueiros, "Sands of Time" e "Always & Forever", que remetem a um rock mais pesado e direto, com direito a solos de bom gosto e riffs ligeiros e certeiros, le própria banda no comecinho, com todo o tempero bluesy.

"Flesh and Blood" é um álbum interessante diante de um panorama em que o rock e o hard rock estão cada vez menos em destaque. O Whitesnake mostra que está vivo e que pode oferecer bom divertimento sem tanto compromisso com a novidade. Resta saber até quando a fórmula vai funcionar.

 

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Whistesnake entrega o de sempre, mas com certo requinte - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br

Mais Posts