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Comentários aleatórios: Virada Cultural, música do Oscar....

Combate Rock

20/05/2019 11h47

Marcelo Moreira

Sepultura na Virada Cultural (FOTO: INSTAGRAM OFICIAL/SEPULTURA)

– Sem invencionices, com foco nos artistas e nas atrações multiculturais. A Virada Cultural de São Paulo foi bem-sucedida em 2019, com infraestrutura e condições geraois melhores do que as do ano anterior. A disposição dos palcos foi bem feita e as atrações principais deram conta do recado, atraindo multidões, como era o grande objetivo dessa administração. Não foram 5 milhões de pessoas, mas 4,6 milhões, um número ainda assim muito expressivo. Até mesmo as atrações não musicais tiveram bom público, no centro e na periferia. A Virada é um evento complexo e de logística cara, que necessita de um planejamento eficiente e uma coordenação quase impossível entre vários agentes públicos, municipais e estaduais. Aparentemente, a última edição agradou.

– Uma questão que anualmente irrita muita gente e causa protestos meio sem sentido são as supostas listas de cachês pagos as principais artistas, aquelas estrelas responsáveis por atrair as multidões. As listas são supostas porque nunca vêm com a fonte da informação, portanto não temos como saber se são verdadeiras, ao menos nos primeiros momentos, antes e durante os espetáculos da Virada Cutural. Admitindo que sejam verdadeiras, ainda assim discuti-las é ma enorme perda de tempo. Se é que podemos criticar a curadoria do evento, temos a lamentar que a intenção inicial da administração atual era encher as ruas e mostrar uma capacidade de organização que rendesse elogios – e esses objetivo foram cumpridos. Querer inovação e ousadia é um sonho – a não ser que a criação de um palco só para as excrescências sertanejas seja considerado um ato ousado. Contratar gente como Anitta e Caetano Veloso só reforça a tendência do evento de ter como um objetivo maior encher as ruas – e não há nada de errado nisso. Muitos músicos preteridos reclamaram nas redes sociais que, com um terço do cachê pago a a algumas atrações que supostamente não seriam merecedoras do valor fariam shows muito melhores e com muitos músicos no palco. É uma conversa estranha e sem sentido, pois esse raciocínio vale também para o Rock in Rio. E não vejo esses mesmos caras reclamando do Roberto Medina. Acho que cabe uma discussão mais séria e relevante sobre a curadoria e critérios de escolha de atrações musicais, além da criação de palcos de jazz e blues com artistas nacionais, mas não nos iludamos a respeito das intenções prementes dos organizadores da Virada, que é trazer o povo para a rua com atrações megapopulares.

– "Juntos e Shallow Now", a versão brasileira oportunista de "Shallow", a canção vencedora do Oscar deste ano nas vozes de Luan Santana e Paula Fernandes, é uma das coisas mais constrangedoras que arte brasileira já produziu. Se a música oiginal, interpretada por Lady Gaga e Bradley Cooper, já não é lá essas coisas, imagine então uma versão feita por artistas que não são os melhores de seus gêneros. Pela rapidez de sua "confecção" e pela "mobilização" que causou antes do lançamento, estava claro que a intenção era "causar", fazer barulho, sendo que a qualidade não necessariamente era uma preocupação, a julgar pelo resultado final. É um fiel retrato dos estratos mais populares do que se convencionou chamar de "cultura" em tempos de trevas em todos os sentidos na vida brasileira. Uma marola nas redes sociais é muito mais importante do que trabalho duro e competência em tempos bolsonarianos. A dupla brasileira até pode ter competência em seu ramo (algo que, sinceramente, não creio), mas a versão brasileira que cometeram é um vexame, que extrapola qualquer boa vontade em relação a esse oportunismo.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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