Marcelo Moreira

Outro brasileiro começa uma trajetória vitoriosa no blues norte-americano. O baixista paulista Rodrigo Mantovani chega a Chicago para integrar a Nick Moss Band, um dos grandes nomes do gênero nos Estados Unidos e que concorre, em 2019, a prêmios em cinco categorias no Blues Music Awards, a maior premiação do blues nos Estados Unidos.

Mantovani é um extraordinário músico que já tocou com os principais nomes do blues da América do Sul e é requisitadíssimo para as bandas de apoio de artistas estrangeiros que fazem turnês pelo Brasil.

O reconhecimento de seu talento é internacional, tanto que a amizade com Moss perdurou por 11 anos antes de finalmente trabalharem juntos.

"Já estou em Chicago e fazendo uma série de shows bem legais, um deles nas Antilhas Holandesas, no Caribe", contou Mantovani ao Combate Rock no final de abril. "Recebi no ano passado um convite formal para integrar a banda do Nick, até me surpreendi. Eu perguntei: 'É para valer?'. O cara disse na lata. 'Claro que é. Você topa?' Não dava para recusar."

Convite aceito, houve um tempo grande para que a burocracia de vistos e documentos que o permitissem trabalhar nos Estados Unidos. Neste meio tempo, o baixista brasileiro rapidamente gravou o novo álbum da Nick Moss Band, que deve ser lançado no final do ano pelo selo Alligator, provavelmente o mais tradicional do blues mundial.

Recentemente, Mantovani lançou um álbum em parceria com o guitarrista e cantor dinamarquês Big Creek, um "viking" apaixonado por Santa Catarina e que morou mais de três anos no Brasil. Em paralelo, era o diretor musical da banda que acompanhava a cantora paulista Bia Marchese.

"Sou amigo de Nick Moss de longa data. Eu o conheci em um festival de blues na Espanha em 2008, quando lá toquei com a banda do Igor Prado. Fizemos algumas jams e desde então mantemos contato. Ele gostou do meu jeito de tocar", afirmou Mantovani.

Depois de colaborações intensas com Igor Prado, o baixista tocou com os principais nomes do blues do país, incluindo uma parceria com Celso Salim, que rendeu um excelente disco.

Como produtor musical, trabalhou, ao lado de Chico Blues, em "Let Me In", o disco de estreia de Bia Marchese, que decidiu acompanhá-lo nesta jornada para a "capital do blues". "Eu e ela não temos prazo para voltar ao Brasil. Queremos aproveitar a chance de aprender e crescer bastante por aqui. Bia inclusive já começou a trabalhar para viabilizar a sua carreira em Chicago."

A viagem para Chicago coroa uma carreira bem-sucedida de um músico talentoso, mas, sobretudo, trabalhador. É um dos mais batalhadores da pequena cena do blues brasileiro e que nunca reclamou, que eu saiba, de tocar em qualquer lugar.

Com a banda de Marchese circulou pelos apertados e barulhentos pubs e bares de São Paulo, Grande São Paulo e interior paulista; ao lado de Celso Salim, por exemplo, fez residência em bares e restaurantes, como no improvável Si Señor de São Bernardo, no ABC paulista.

Começando uma carreira nos Estados Unidos, Mantovani já mira a Europa na retomada da parceria com Big Creek. Em novembro próximo, a Nick Moss Band fará shows naquele continente e, durante a parada por Copenhague, na Dinamarca, o baixista brasileiro deverá gravar o segundo disco da parceria com o guitarrista dinamarquês.

Embora em circunstâncias bem diferentes, o baixista é mais um nome do Brasil que se destaca no blues norte-americano, com ocorreu recentemente com os guitarristas Celso Salim, Igor Prado e Artur Menezes. Mantovani, no entanto, é o primeiro a integrar uma banda de grande porte na terra do blues.