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Resenhas rápidas: Queensryche, Chrome Division, Mostly Autumn, Overkill...

Combate Rock

27/04/2019 06h30

Marcelo Moreira

– Queensryche – A implosão do Queensryche anos trás deveria ter provocado a clássica situação – uma banda maravilhosa se divide em dois bons projetos. No entanto, neste caso, o ex-vocalista Geoff Tate ainda procura um sentido para sua carreira após a longa batalha judicial pelo nome do grupo (hoje capitaneia o Operation Mindcrime, que está hibernando). Quanto aos ex-amigos e companheiros, a situação é diferente: em ascensão com o cantor Todd La Torre, acaba de lançar o terceiro CD desta nova fase, "The Verdict". De forma correta, o quinteto voltou às raízes e faz um metal progressivo moderno baseado nas guitarras, abandonando a pomposidade dos arranjos da épica de Tate e a grandiosidade estéril dos discos da década passada. La Torre está mais adaptado e caiu muito bem na banda, fugindo das comparações com Tate e tentando imprimir a sua marca pessoal. O regresso, digamos assim, a um passado glorioso, refere-se a um conceito sonoro que catapultou a banda para o sucesso nos anos 80. Há menos teclados e m ais guitarras, em músicas intrincadas com "Propaganda" e "Man the Machine". A grandiloqência, ma sem autoindulgência, chega em "Blood of the Levant" e o clássico metal progressivo aparece em "Dark River" e na ótima "Inner Unrest".É um álbum muito bom.

– Chrome Division – Nomes importantes do metal extremo da Noruega se juntam para se divertir, tomar umas e fazer uma reverência ao passado. E eis que surge um projeto inusitado dedicado ao hard'n'heavy e ao stoner metal, com letras esbanjando irreverência e celebrando a vida, como as bandas californianas. O Chrome Division foi criado há mais de 20 anos e era para ser uma coisa paralela mesmo, mas deu tão certo que os músicos tiveram de fazer "turnês" para suprir a demanda – dá para dizer que foi um sucesso. Entretanto, "The Last Ride" é o ponto final dessa história. O quinto CD é o encerramento de um projeto bem legal, pesado e sujo, descontraído e meio insano. As guitarras comandam o ataque sonoro para fechar com "chave de ouro": timbres avassaladores, desempenhos surpreendentes e riffs massacrantes. Como despedida, a banda resolveu lançar um CD que mais parece uma coletânea: todas as canções são boas e marcantes, a começar pela retumbante "Return of the Wastelands", encharcada de uísque e sotaque sulista misturado com metal. "Back on Town" e "I'm On fire Tonight" também são exemplos fortes de canções poderosas, com bastante influência de AC/DC e Motorhead.

– Overkill – Há bandas que se orgulham em fazer música à la AC/DC, Motorhead e Ramones – quase sempre a mesma coisa, com poucas variações, mas sempre com resultados exultantes. O Overkill segue mais ou menos essa linha, embora faça questão de inserir toques de metal moderno ao seu thrash metal reto e empolgante. Com mais de 35 anos de carreira, a banda parecia ter dado uma estagnada nos anos 2000, mas recuperou o fôlego nos últimos dois CDs e comete um álbum muito bom neste "The Wings of War", lançado há pouco tempo. É inacreditável como o guitarrista D.D. Verni consegue achar timbres pesados e empolgantes depois de ter experimentado quase tudo dentro do thrash metal. Há grandes novidades? Não, mas espere pelo som pesado contagiante e impossível de ficar indiferente em canções como "Believe in the Fight" e "Welcome to the Garden State" ou nas aceleradas e quase rock'n'roll "Head of a Pin" e "Last Man Standing".

– Mostly Autumn – Entre as bandas da segunda geração do neoprogressivo britânico, o Mostly Autumn é a mais longeva e praticamente a única sobrevivente, fruto da tenacidade do vocalista e guitarrista Bryan Josh, o dono da coisa toda. Gênio incompreendido e, muitas vezes, irascível e problemático, segundo a imprensa inglesa, segue teimosamente na sua mistura de música folk, música celta e rock progressivo com toques eruditos, tudo envolvo em arranjos climáticos que conferem uma sonoridade peculiar e característica à banda de formação variável às vésperas de completar 25 anos de existência. Os diferenciais do Mostly Autumn sempre foram a guitarra por vezes agressiva de Josh e o vocal angelical e doce feminino em contraponto com a voz áspera do guitarrista. A voz feminina da banda é de Olivia Sparnenn-Josh, mulher do líder, que está há 15 anos no grupo e há quase dez é a voz principal, substituindo as estupendas Heather Findlay (hoje no Mantra Vega) e Anne Marie Helder (que também toca violino e está no Panic Room). "White Rainbow", o novo CD, nãom é tão forte e inspirado como o anterior, "Sigh a Day", mas traz uma coleção de músicas que celebra a tradicção folk britânica, com gaitas de fole, arranjos acústicos de cordas e pianos sutis e delicados. JOsh aqui canta menos, deixando que Olivia brilhe em canções belas como "Burn", "White Rainbow" e "Viking Funeral". Há bandas ótimas fazendo rock progressivo na atualidade, como as suecas Flower Kings e Pain of Salvation, e o Mostly Aitumn está neste grupo.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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