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EP do Manowar demonstra falta de inspiração para um final melancólico

Combate Rock

23/04/2019 07h14

Marcelo Moreira

A banda norte-americana Manowar ainda existe e resolveu ressuscitar com um novo EP, "The Final Battle part I", recém-lançado e retoma a saga de temas épicos que o grupo nunca abandonou.,

Grupo pioneiro do chamado epic metal, ou metal espadinha, como os brasileiros apelidaram o conjunto, o novo trabalho cai como uma luva para os fãs que veneram o gênero – canções que valorizam os temas épicos e medievais, quando não mitológicos, com louvores a heroísmos e deuses sublimes de um mundo que nunca existiu.

Tais situações podem ter tido sua importância e seu interesse lá em 1983, quando o grupo era uma novidade e bradava pela relevância do heavy metal épico em álbuns como "Battle Hymn" e "Into Glory Ride".

Esse tal de metal épico teve o seu auge justamente nos anos 80, quando o tema ganhou proeminência em com uma série de bandas que acreditava que os temas bélicos e guerreiros poderiam ser um nicho que sustentaria uma cena baseada em roteiros pueris e desprovidos de qualidade intelectual e literária.

Não foi o caso do Manowar, e de bandas importantes como Cirith Ungol, Manilla Road e outras do mesmo gênero, que fugiram do lugar comum e conseguiram elaborar propostas no mínimo razoáveis dentro desse nicho. Entretanto, os temas se esgotaram rapidamente e tais bandas ficaram no underground do metal.

O Manowar foi uma exceção, por mais que não tenha se desviado do assunto, aferrando-se ao subgênero épico e mantendo um púbico fiel por quase três décadas.

Só que o filão se esgotou, a julgar pelo desempenho do grupo no século XXI, que apelou vergonhosamente para a regravação de dois clássicos dos anos 80 desde 2010 – "Battle Hymn MMXI" e "Kings of Metal MMXIV".

E então chegamos à conclusão de que são sete anos de silêncio autoral desde o lançamento de "The Lords of Steel", certamente o mais fraco trabalho do quarteto em seus quase 40 anos de história.

"The Final Battle part I" é um EP com quatro músicas que provavelmente comporá um novo trabalho conceitual tendo como tema guerras e batalhas medievais. Os títulos entregam  o conceito: "March Of The Heroes Into Valhalla", "Blood And Steel", "Sword Of The Highlands" e "You Shall Die Before I Die". U seja, mais do mesmo de sempre.

Nada contra, desde que o material tenha aquela aura e energia de coisa empolgante, quente e interessante, como Motorhead, AC/DC e Ramones conseguiram quase sempre em suas trajetórias. Não é o caso do competente e outrora contagiante Manowar.

"March Of The Heroes Into Valhalla" é uma suíte orquestral majestosa, que provoca ansiedade e a vontade de que tenhamos algo grandioso e eloquente em seguida.

A expectativa não se confirma, já que "Blood and Steel " é derivativa do que o quarteto sempre compôs e gravou a vida inteira, soando como pastiche das músicas dos álbuns da década de 1980.

"Sword Of The Highlands" é um tributo à Escócia e aos guerreiros daquela nação, em um uma composição que é a melhor do EP, mas que em nada acrescenta à carreira do Manowar – é inferior aos trabalhos com o mesmo tema já lançados por Iron Maiden, Grave Digger e Suidakra, por exemplo.

A última canção, "You Shall Die Before I Die", é uma mezzo balada que cumpre o seu papel, mas que está longe dos bons momentos sossegados do grupo, como "Courage" e "Master of the Wind".

Resta esperar para que o resto da ópera-metal "The Final Battle" contenha mais músicas inspiradas e menos clichês do que esse EP demonstrou. é o que resta para uma boa banda de metal  dos anos 80 encerrar seu ciclo de forma decente e digna.

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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