Baixista descarta reunião, e podemos ser poupados da volta do Van Halen
Combate Rock
03/04/2019 06h59
Marcelo Moreira
Van Halen em sua primeira e clássica formação: da esq. para a dir., David Lee Roth, Alex Van Halen, Eddie Van Halen e Michael Anthony (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Muita gente se recusa a acreditar nas declarações oficiais de membros de bandas importantes quando negam a volta do grupo. Essa recusa tem razão de ser, a julgar pelas mentiras contadas por astros a todo momento. Quem não se lembra de Axl Rose xingando Slash em 2013 e dizendo que jamais tocaria com ele novamente?
Algo parecido ocorre desde o ano retrasado com o Van Halen, que parece hibernar por quase uma década antes de se mexer gravar algo, um fazer uma turnê nostálgica.
Os boatos de sempre dão conta de que a formação original e clássica vai voltar para uma turnê, ou seja, o baixista Michael Anthony estaria de volta após 15 anos no lugar de Wolfgang Van Halen, o filho do guitarrista Eddie Van Halen.
Gente importante banca isso há pelo menos um ano meio, como o radialista Eddie Trunk, sempre bem informado, mas que de vez em quando erra. Ou mesmo David Lee Roth, o vocalista que voltou definitivamente em 2007, que disparou no ano passado que 2019 seria o ano de "coisas grandes para o Van Halen".
O problema é que faltou combinar com os russos, como disse uma vez o saudoso Mané Garrincha na Copa do Mundo de Futebol de 1958. Anthony demorou demais para se pronunciar, o que alimentava os boatos – e as esperanças – de muita gente no tal retorno.
Pois o baixista resolveu neste final de semana se manifestar nas redes sociais dizendo estava feliz e ansioso para voltar à estrada com a banda Sammy Hagar and The Circle, que deve lançar em breve um CD com músicas inéditas.
Essa é a segunda banda de Hagar, ex-Van Halen e que tocou muito tempo com os Waboritas como turma de apoio. The Circle tem Anthony no baixo, o ótimo Vic Johnson na guitarra e Jason Bonham, que também toca no Black Country Communion, na bateria.
Van Halen no Hollywood Bowl, em Los Angeles, em, rápida turnê norte-americana em 2015 (FOTO: EDUARDO KANECO)
O baixista teria sido sumariamente demitido naquele ano por conta da amizade forte com Hagar. Por conta da amizade, Anthony o defendia nas discussões internas e falava bem do cantor em entrevistas. Parece que uma delas teria sido a gota d'água para os irmãos Van Halen.
Outra versão dá conta de que, ao final da turnê de 2004, o clima ficou bem ruim entre todos – foi a derradeira aparição de Hagar com a banda, mas ao final do giro novas brigas surgiram. Anthony teria ficado do lado de Hagar, para desgosto dos irmãos.
Ao final daquele ano, não teria mais havido contato entre os integrantes da banda, e o baixista só teria ficado sabendo que estava fora dos planos da banda pela imprensa, quando soube da turnê de 2007 e de sua substituição por Wolfgang, que é guitarrista de origem.
As especulações ainda vão continuar, mas algumas publicações de rock dos Estados Unidos logo foram atrás de personagens que conhecem todos os envolvidos e a conclusão é de que Anthony está convicto em relação aos seus planos para 2019: tocar com Sammy Hagar and The Circle e, provavelmente, no final do ano, começar a pensar em um novo álbum e turnê com o Chickenfoot, outra banda que mantém com Hagar, mas desta vez com Joe Satriani nas guitarras e Chad Smith, do Red Hot Chili Peppers, na bateria.
De nossa parte, é torcer para que Anthony mantenha a palavra e recuse eventuais propostas da banda bissexta Van Halen, que não se importa em hibernar por anos – já faz quase oito anos que lançou o último álbum e dez seus últimos shows.
Muita gente gostou da reunião de Axl Rose com Slash e Duff McKagan em 2016, mas o que vimos foi uma reunião nostálgica de três integrantes da formação clássica com uma banda de apoio por trás. O som emulava Guns N'Roses, mas algo se perdeu no caminho.
Uma turnê de despedida, ou comemorativa, até que poderíamos engolir, mas uma reunião após tanto tempo de desavenças e falsidade parece ser um tiro no pé para a banda californiana que aparentemente desistiu da vida musical – apenas um álbum de músicas inéditas (com material antigo requentado) em 21 anos. É muito pouco.
Da mesma forma que o retorno do Guns N'Roses foi desnecessário, o do Van Halen também é, se a mesma vibe de 2007 e 2011 for mantida, apenas para fazer shows nostálgicos. Para quem ama Van Halen e sabe da importância da banda, o retorno da formação clássica tem potencial grande para ser frustrante.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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