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Dick Dale criou a trilha sonora de toda uma vida

Combate Rock

17/03/2019 22h21

Marcelo Moreira

Dick Dale (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A primeira imagem que a menção a Dick Dale evoca é uma onda, referência à surf music; a segunda, o filme "Pulp Fiction", que transformou a vida e a carreira do diretor de cinema Quentin Tarantino, fanático por música pop e rock retrô.

Entretanto, é muito pouco para uma personalidade complexa como a do guitarrista de múltiplos recursos e de musicalidade ímpar. A guitarra, para Dick Dale, que morreu neste domingo, aos 82 anos, era uma extensão de seu corpo.

É um clichê roqueiro, mas que resume bem o que era a vida do mestre da guitarra, um dos pioneiros do rock'n'roll e que dispensou os vocais para fazer de sua música instrumental a trilha sonora de uma vida – de milhões de vidas.

Aquela virada dos anos 50 para os 60 do século passado mostrou uma enérgica e vigorosa onda de rock instrumental que se contrapunha ao rock'n'roll clássico e forte de gente como Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richard, Fats Domino e Jerry Lee Lewis. Era rock, ainda que incipiente e improvisado, mas tinha vigor e muita coisa do jazz e do blues.

E eis que Dick Dale e seu contemporâneo norte-americano, Link Wray, que morreu há alguns anos, transformaram o som que vinha das praias e dos botecos empoeirados do litoral da Costa Oeste norte-americana em uma música cativante, ensolarada, transbordando de energia e felicidade. Era a música instrumental retomando um posto que os jazzistas reclamavam – e que continuariam reivindicando e reclamando.

E então Dale e Wray se tornaram concorrentes pesados de bandas como The Ventures, The Zombies e The Shadows na busca de um público que ainda não estava contaminado pela música pop com vocal que viria a dominar a década de 60 logo depois com os Beatles, os Beach Boys, so Rolling Stones e toda a invasão britânica do rock'n'roll.

O resgate de Dale em "Pulp Fiction" é uma daquelas raras coincidências em que a música de uma era ressurge e cria uma aura de "autenticidade" e de "resgate das raízes", criando uma nova onda de aficionados.

Imponente e consciente de seu legado, o guitarrista habilidoso e virtuoso conseguiu recuperar um prestígio adormecido voltou a en cantar plateias a partir dos anos 90.

A partir de então se tornou um daqueles artistas que não nos deixa esquecer um importante legado de uma geração que moldou a cultura e as artes do século XX, ao lado de gente como B.B. King, Muddy Waters, Elvis Presley, Bill Haley e muitos outros que transformaram o rock no motor poderoso de transformação cultural de uma sociedade.

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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