Porque assistir ao filme "Ultraje"
Maurício Gaia
11/02/2019 06h35
Muita gente comemorou a baixa bilheteria obtida pelo documentário "Ultraje", dirigido por Marc Dourdin. Segundo o site Filme B, o filme levou 101 espectadores em dois dias de exibição, em 20 salas de cinema pelo país.
A comemoração tem explicação: as posições políticas de Roger Moreira, líder da banda. Ele criou um personagem na internet que, em incontáveis vezes, ultrapassa os limites da civilidade, educação e respeito. Não há nenhum motivo para ser simpático a ele. No entanto, há bons motivos para ver o filme.
Acho importante esclarecer que o filme fez parte da programação do In-Edit Brasil, festival de documentários musicais, do ano passado. Participei da comissão selecionadora e acabei sendo um dos responsáveis pela sua inclusão no festival.
"Ultraje" se preocupa em contar bem uma história importante dentro da música brasileira: Ultraje a Rigor simboliza a consolidação de uma cena de rock paulista dos anos 80 que chegou ao sucesso.
O filme também é útil para se entender o contexto que proporcionou o surgimento de bandas como Ultraje, Titãs, Ira!, entre outros, assim como o fim melancólico dessa cena e o desmonte da indústria fonográfica nos anos seguintes.
Além disso, o diretor não alivia: os excessos, as brigas, destruição de hotel, as tretas estão todas ali, assim como o caso policial que envolveu Roger: no auge do sucesso, ele foi acusado de ter estuprado uma menor de idade, em Chapecó. Não pode se falar que o filme é um conto de fadas.
E, para aqueles que afirmam que Roger mudou, está tudo ali: um cara que soube fazer boas canções, mas que já cantava "eu sou assim meio atrasadão, conservador, reacionário e caretão". Só nós não percebíamos isso.
Baixa bilheteria
Há explicações para a baixa bilheteria que o filme obteve. Ele está sendo exibido dentro de um projeto chamado "Projeta às 7", com sessões às 19h, somente durante dias de semana. Este projeto leva a algumas salas da cadeia Cinemark filmes que fogem do padrão blockbuster exibidos costumeiramente e tem como objetivo a formação de um novo público.
O filme ainda estará em cartaz nessa semana, de segunda até quarta-feira, às 19h. Aqui você pode ver as sessões disponíveis. Assista, o filme não é do Roger. Se quiser, dá até para xingar o cara mais um pouquinho.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
Sobre o Blog
O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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