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Noturnall anuncia a saída de dois membros fundadores

Combate Rock

04/02/2019 16h18

Marcelo Moreira

Fernando Quesada (em pé) e Junior Carelli (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O Noturnall é um supergrupo do metal nacional deu certo, a julgar pela qualidade de seus trabalhos e pelo relativo sucesso rápido que obteve. Mas certamente há algo de errado quando se trata de estabilizar uma formação. Há certo limite para recomeços mesmo para bandas bem-sucedidas. É preciso muito fôlego.

Por isso a surpresa grande com o anúncio das saídas do baixista Fernando Quesada e do tecladista Juninho Carelli, membros fundadores da banda. Mais do que isso: os dois, ao lado do vocalista Thiago Bianchi, eram o núcleo fundamental do Noturnall, que trocou várias vezes de baterista e guitarrista.

Tudo é muito veloz na carreira do grupo. São três CDs e dois DVDs em cinco anos – o segundo DVD sairá em breve -, turnês nacionais e internacionais e uma frenética mudança de guitarristas.

Quando lançaram o álbum "9", em 2017, em uma ousada jogada de marketing, o grupo celebrava a volta do guitarrista Leo Mancini, que tinha sido substituído por pouco tempo pelo norte-americano Mike Orlando, da banda Adrenaline Mob.

Entretanto, Mancini mal esquentou a cadeira, gravando um videoclipe beneficente, e logo deixou novamente o grupo, sob a legação de conflitos de agenda.

A mesma explicação foi dada pelo baterista Aquiles Priester, um dos grandes do instrumento no mundo e que toca em vários projetos ao mesmo tempo, como o também baterista Mike Portnoy (ex-Dream Theater). Contribuiu para isso a sua decisão de se mudar para Los Angeles, nos Estados Unidos.

Os substitutos, o baterista Henrique Pucci e o guitarrista Bruno Henrique, ajudaram a segurar uma grande barra ao assumirem compromissos importantes, como a gravação do segundo DVD, que contou com a presença de James LaBrie, vocalista do Dream Theater. Quem temia uma mudança brusca ou mesmo queda de qualidade não teve motivos para isso.

Entretanto, uma banda que tem um baterista como Priester sente, e bastante, a sua saída, e mais ainda quando dois integrantes do núcleo criativo decidem sair.

Em um comunicado sucinto e pouco esclarecedor, Quesada e Carelli agradecem  o apoio dos fãs e reafirmam o propósito de continuar com o projeto ANIE, composto pelos dois, que toca músicas acústicas (autorais e versões) no formato violão, voz e piano.

A dupla acaba de lançar um videoclipe para a música "And I Go (The New Beginning)", gravado no deserto de Nevada, nos Estados Unidos – veja em https://youtu.be/RNWecRYbvUE. Carelli é proprietário de uma concorrida produtora de vídeo em São Paulo; já Quesada é um disputado produtor musical e professor de baixo.

O texto do comunicado apenas esbarra em algo próximo de "divergências" para falar sobre a saída do Noturnall, e prefere projetar um futuro com mais atividade para o ANIE.

Isso significa o fim do Noturnall? O vocalista Bianchi ainda não se manifestou sobre isso. Ele está à frente de um projeto ousado, liderado por seu estúdio, o Fusão, de criar uma grande comunidade roqueira para incentivar bandas  e música em geral.

Muitos vão dizer que a nova turbulência não deveria surpreender ninguém, já que a história do grupo é atribulada. O Noturnall surgiu das cinzas do Shaman em 2013.

Bianchi, Quesada e Carelli fizeram parte deste grupo quando o baterista Ricardo Confessori ficou sozinho após a debandada de Hugo Mariutti (guitarra), Luís Mariutti (baixo) e André Matos (voz) – essa formação está de volta, anunciada em 2018.

Com essa formação, o Shaman gravou dois bons CDs, "Immortal" e "Origins", mas os problemas surgiram por volta de 2011, quando a banda, então chefiada por Confessori, dono do nome, mantinha um longo hiato.

Logo surgiram divergências profundas sobre o gerenciamento da banda e o baterista se viu novamente sozinho – que o motivou a colocar o Shaman em hibernação.

Foi a deixa para que Bianchi, Quesada, Carelli e o guitarrista Leo Mancini decidissem criar o Noturnall, desta vez com o baterista Aquiles Priester, que também toca na banda Hangar e no projeto solo de Edu Falaschi, ex-vocalista do Angra.

A banda já nasceu grande, tanto que o primeiro show da carreira, no Carioca Club, foi filmado para o lançamento do primeiro DVD. O grupo deu certo, com shows lotados pelo Brasil e prestígio no exterior, mas a acidentada estrada de banda importante de metal no Brasil cobrou o seu preço.

A continuidade do grupo é uma incógnita diante de perdas tão significativas, mas certamente será uma perda bem maior para o rock nacional se o Noturnall chegar ao fim.

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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