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Trinta anos sem o talento de Roy Orbison

Combate Rock

07/12/2018 06h48

Marcelo Moreira

Roy Orbison (FOTO: DIVULGAÇÃO)

O amigo George Harrison gostava de dizer que o mundo parava quando Roy Orbison começava a cantar. Já na parte das lendas, muita gente afirmava que Elvis Presley parava o que estivesse fazendo para ouvi-lo cantar.

Trinta anos atrás, quando tinha se reunido com os amigos para gravar aquele que viria a ser o primeiro álbum dos Traveling wilburys, Orbison morria vítima de ataque cardíaco – justamente no momento em que estava sendo redescoberto.

Para muita gente naquele final dos anos 80, os Wilburys foram a porta de entrada para conhecer a música de um dos pioneiros do rock, contemporâneo de gente como Carl Perkins, Jerry Lee Lewis, Elvis Presley, Little Richard e muitos outros.

Os Wilburys surgiram da fértil mente do workaholic Jeff Lynne, produtor e músico inglês responsável pela Electric Light Orchestra. Amigo de todo mundo, forçou a barra até criar um supergrupo – talvez o maior de todos – ao juntar ele mesmo, Bob Dylan, George Harrison e Tom Petty. Orbison entraria um pouquinho depois por sugestão de Harrison.

E foi ouvindo aquela voz macia, aveludada, afinadíssima e bela que muitos descobriram sua interpretação magistral do clássico "Oh, Pretty Woman", que os metaleiros conheceram com o Van Halen. Foi também ali, no fim dos anos 80, que muitos se deliciaram com o hit  "You Got It" e com a fantástica "I Drove All Night".

A morte de Orbison em 1988, em pleno momento de mais uma ressurreição foi apenas mais um capítulo da trágica vida que teve em seus 52 anos de vida.

Sempre vestido de preto, com óculos escuros e optando por canções melancólicas, tinha dificuldade de lidar com a timidez. E tudo ficou mais complicado com a sequência de tragédias pessoais nos anos 60.

Em 1966, sua mulher Claudette Frady morreu num acidente ao cair do banco traseiro de sua moto; em 1968, quando um incêndio destruiu sua casa, matando dois de seus três filhos (Roy Duwayne Orbison e Anthony King Orbison).

Foi difícil se reerguer, mas o cantor seguiu em frente, mas não chegou nem perto do sucesso que obteve entre 1956 e 1965 com clássicos do country rock norte-americano, entre eles "Oh, Pretty Woman", "Blue Angel", "Running Scared", "Crying", "Dream Baby", "Blue Bayou" e "In Dreams", entre outras canções.

Houve alguns momentos em que o sucesso pareceu que voltaria nos anos 70, como no dueto com Emmylou Harris em "That Lovin' You Fellin' Again", mas foi mesmo com os Traveling Wilburys que tudo parecia estar voltando ao normal.

Orbison se destacou no maior hit da banda, "Handle With Care", um country pop de inspiração rockabilly, e espalhou sua voz em pontos estratégicos no primeiro álbum da banda, que não viu sair das fábricas, já que morreu antes.

Provavelmente foi um dos maiores cantores de todos os tempos. Tragado pelas tragédias pessoais e por uma dinâmica artística que lhe tolheu o sucesso gigante a partir dos anos 70, teve dificuldades para lidar com certo ostracismo.

Os Wilburys o jogaram de volta à luz, pena que por pouco tempo. É um artista que merece ser revisitado para que tenha seu talento e versatilidade constatados.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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