Marcelo Moreira

Nick Cave está em casa. Não fala nada de português, mesmo tendo morado três anos na Vila Madalena, em São Paulo, e tendo um filho brasileiro, mas ainda assim o australiano está em casa.

Com bom humor e muita ironia nas entrevistas que concedeu nos últimos dias, ele reconheceu que o show que fará neste domingo (14), em São Paulo, é especial. "Não se trata de nostalgia, mas é algo bem diferente do normal. Estive aqui por muito tempo e tudo me é familiar. É voltar."

A visita é corrida, mas ele encontrou tempo para dar uma passada na Mercearia São Pedro, bar que ele frequentou muito, já que ele morava a 300 metros dali.

Cave é um daqueles artistas inclassificáveis, que transitam entre um som alternativo-gótico-dark oitentista e um rock moderno que vai muito além do que se convencionou chamar de pós-punk ou pós qualquer coisa. Não é um som fácil, mas dá para assimilar bem o que cantor quer passar.

A aura alternativa permanece, e a divulgação foi na medida certa para que todos os ingressos se esgotassem em poucas horas. Cave não faz concessões, mantém a fama de alternativo e não costuma pegar leve quando se trata de assuntos polêmicos.

"Babaca!" foi o adjetivo mais suave ao se referir a Roger Waters, o ex-Pink Floyd que tocou em São Paulo nesta semana e que polemizou ao mandar as costumeiras mensagens políticas em telões – e acabou por enfurecer eleitores da excrescência que representa a extrema-direta na eleição presidencial. Seu show ganha facilmente o rótulo de imperdível neste final de ano.

Da mesma forma, imperdível é a nova passagem da banda alemã Accept pelo Brasil. O show em São Paulo também é no domingo e traz a turnê de suporte do álbum "The Rise of Chaos", o melhor da fase com o cantor norte-americano Mark Tornillo.

A banda adotou o Brasil depois das duas fulminantes passagens anteriores por aqui. Veteraníssima, prestes a completar 40 anos de carreira, a banda vive o seu melhor momento comercial e de prestígio mundial, embora sejam fortes os protestos pela ausência do icônico vocalista Udo Dirkschneider.

"A força do Accept na América do Sul é impressionante. Demoramos muito para tocar na região, e agora é parada obrigatória em todas as nossas turnês. Sempre ficamos ansiosos por tocar em São Paulo, pois sempre é memorável", disse recentemente o guitarrista Wolf Hoffmann em entrevista a um site brasileiro.

Enquanto o mundo tentava absorver o hard rock melódico e poderoso de uma banda que já era veterana – os Scorpions -, surgiu uma geração a´vida por explodir os alto-falantes na Alemanha, e a precursora foi o Accept, no final dos anos 70.

O som era muito pesado, direto, sem firulas, e a carreira da banda foi embalada por clássicos como "Metal Heart", "Balls to the Wall" e "Princess of the Dawn", entre outros hits.

A perda momentânea de prestígio ao final dos anos 80 provocou terremotos, como a saída de Udo e a tentativa fracassada de emular o hard rock festivo dos Estados Unidos.

Algumas tentativas de retorno com Udo no vocais ocorreram entre 1993 e 2006, mas a incompatibilidade era grande. Foi aí que surge Tornillo em 2010 para consolidar o ressurgimento do tanque de guerra alemão.

É verdade que tanto o Accept quanto Udo demoraram para tocar por aqui. Gostaram tanto que voltam sempre que possível. Então vamos aproveitar.

SERVIÇO

NICK CAVE

DATA: 14 de outubro 
LOCAL: Espaço das Américas 
ENDEREÇO: R. Tagipuru, 795 – Barra Funda, São Paulo
HORÁRIO: Abertura 18h00, show 20h00. 
INFORMAÇÕES: www.poploadgig.com 
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: 18 anos 
CAPACIDADE: 7.300 pessoas 
INGRESSO: R$100,00 a R$360,00 
PONTOS DE VENDA: Cine Joia @ Praça Carlos Gomes, 82 (próximo ao Metrô Sé e Liberdade). Funcionamento de segunda-feira a sexta-feira, das 10h às 14h e das 15h às 18h.

ACCEPT