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Ouvindo Beatles de um jeito diferente - bem blues e bem folk

Combate Rock

04/10/2018 07h00

Marcelo Moreira

FOTO: DIVULGAÇÃO

A atividade não é nova e, de certa forma, pode ser glamourosa ou até mesmo gloriosa, como é o caso das grandes bandas internacionais que fazem tributo a nomes gigantes do rock, como o Australian Pink Floyd e o Queen Extravaganza, grupos que têm mais público e ganham mais dinheiro do que bandas autorais de médio porte.

Enquanto cresce a demanda por esse tipo de espetáculo retrô e saudosista, muitas cenas locais ficam à míngua com a falta de locais para tocar e de apoio do público.

Desde sempre aqui no Combate Rock somos críticos em relação á proliferação e disseminação de bandas cover em detrimento dos artistas autorais – não somos contra em si as bandas cover, mas à desproporção de apoio e atenção dispensados a quem faz algo criativo e inédito.

Embora nem um pouquinho fãs do mercado de artistas que vivem o tempo todo de fazer versões, chama a atenção de como dois projetos paulistas conseguem fazer algo diferente e com qualidade reinventando canções da maior banda de todos os tempos, os Beatles.

Blues Beatles e Sgt. Folker já entregam nos nomes o que pretendem e o que fazem, fazendo versões diferentes e atraentes dos clássicos da banda inglesa.

São coisas de outro mundo, que nunca foram feitas em algum momento desde sempre? Provavelmente não, a julgar pelas toneladas de tributos aos Beatles lançados sobretudo desde os anos 90.

A questão é que os dois projetos paulistas são interessantes por apresentar o quarteto de Liverpool de uma forma criativa e diferente nos palcos brasileiros, e com qualidade.

O Blues Beatles é mais antigo, baseado em São José dos Campos, no Vale do Paraíba. É um sexteto que desfigurou, no bom sentido, grandes músicas que nos acostumamos a ouvir no rádio, nos discos e nos shows de Paul McCartney.

Marcos Viana (Voz), Flávio Naves (Hammond B3 e piano), Lancaster (Guitarra e Backing Vocal), Bruno Falcão (Baixo e Backing Vocal), Fred Barley (Bateria e Backing Vocal), e Denilson Martins (Saxofone e Backing Vocal) já lançaram um CD onde abundam os arranjos criativos e uma pegada bem diferenciada na interpretação, como em "Can't Buy Me Love", "Eleanor Rigby" e "Yesterday", por exemplo.

Chamam a atenção as levadas blueseiras nos órgão Hammond B3 de Naves e a ótima presença blues/soul do fantástico sax de Denilson Martins e que podem ser conferidas no álbum homônimo, lançado em 2016.

Já a banda Sgt. Folker, por enquanto, é um projeto de um homem só. Leko Soares, guitarrista da boa banda de metal Lothloryen, do sul de Minas Gerais, criou uma forma diferente de executar as músicas do quarteto de Liverpool. O violão e o violino predominam, mas os arranjos vocais mereceram uma nova roupagem.

"A ideia sempre foi fazer algo diferente com as músicas do Beatles, que eu amo. Tentei também fugir das músicas óbvias, fazendo com que coisas como 'Helter Skelter', que é muito pesada e talvez o primeiro heavy metal da história, soasse imponente e dramática, como a original, mas com arranjos acústicos", diz o músico.

E ele tem razão. "Helter Skelter", do "Álbum Branco", não perdeu a carga dramática, mas ficou um pouco mais sombria e cáustica.

"Eleanor Rigby", outra música que tem uma alta carga dramática, perdeu intensidade sem o octeto de cordas da versão original, mas ficou mais melancólica, com um tom levemente celta. 

O projeto, que existe enquanto o Lothloryen etsá de férias ou gravando álbuns, já rendem um EP com seis músicas, "The Liverpool Chronicles", tendo cada música um vocalista diferente. "De certa forma, vejo-me como um bardo tentando mostrar um trabalho diferente, ainda que não inédito e nem original. O Sgt. Folker está conseguindo surpreender o público que só conhece os Beatles de uma única maneira."

Como fã dos Beatles, Soares procurou pesquisar muito e ouvir o que se produziu com as músicas da banda ao longo dos últimos 50 anos. "Tem Beatles para todos os gostos: versões de samba, rumba, música latina, blues, soul, música indiana e muita música folk. Não foi fácil buscar alternativa que fugissem do que já foi feito."

Com nome em vias de consolidação no sul de Minas Gerais e no interior de São Paulo, o Sgt. Folker prepara para breve uma incursão à capital paulista. Para isso, o repertório deverá ser incrementado com mais versões, que provavelmente serão incluídas em um novo EP ou até mesmo um álbum completo.


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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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