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Nashville Pussy e Grave Digger: cansaço e pouca inspiração em novos CDs

Combate Rock

26/09/2018 07h04

Marcelo Moreira

Gravar o mesmo disco várias e várias vezes, e sempre com resultados bacanas. Motorhead e Ramones foram acusados de fazer sempre o mesmo álbum por décadas e nunca se importaram com isso. Com graus diferentes de satisfação, as duas bandas fizeram obras-primas e variações delas ao longo dos anos – e os fãs sempre gostaram disso.

Seguidoras do mesmo modelo, duas bandas acabam de lançar seus novos álbuns – nem tão inspirados quanto os seus melhores trabalhos, mas ainda assim mantendo o pique e a mesma fórmula. São elas o Nashville Pussy, dos Estados Unidos, e o Grave Digger, da Alemanha.

A banda norte-americana é discípula direta do Motorhead, seja pelos temas que aborda, seja pela rapidez e rispidez que imprime em suas músicas. O líder, o guitarrista e vocalista Blaine Cartwright, certa vez qualificou a sua banda de uma mistura de Motorhead com AC/DC encharcado de blues e pimenta.

"Pleased to Eat You" é um álbum homogêneo, para ser consumido de forma rápida e sem fôlego. É o mesmo de sempre, com boas ideias e canções frenéticas, embora sem a mesma inspiração de álbuns anteriores, como os dos primeiros, "Let Them Eat Pussy" e "High as Hell" ou o quase experimental "Up the Dosage".

Na verdade, é uma tentativa de volta aos primórdios, com canções curtas e diretas, com guitarras mais na cara e raros solos. "We Want a War " é a mais legal, muito pesada e com riffs que deixariam Lemmy Kilmister orgulhoso.

"Just Another White Boy" se destaca pelas guitarras afiadas e pela letra bem humorada e corrosiva. "Go Homer and Die" e "Drinking My Life Away" são boas tentativas de resgatar o passado, quando a banda surgiu como uma boa novidade em 1998.

O Nashville Pussy, com poucos lançamentos em mais de 20 anos de carreira, perdeu um pouco a relevância, mas "Pleased to Eat You" é um CD bacana, bem propício para uma festa agitada.

O Grave Digger também varia na mesma nota. Ícone do metal tradicional alemão dos anos 80 e 90, quando gravou extraordinários álbuns, como "Heavy Metal Breakdown", "Excalibur" e "Tunes of War", o quinteto sempre se orgulhou de fazer de suas obras verdadeiras aulas de história. Conceituais, seus álbuns já abordaram o Império Romano, a Santa Ceia, a história da Escócia, a mitologia da Grécia Antiga, os Cavaleiros Templários e outros temas.

"The Living Dead" é o novo álbum, dessa vez mudando a temática. Saem os temas históricos e entram o terror e a ficção científica abordando o tema dos zumbis – com evidente inspiração na série de TV "The Walking Dead".

Em quase 40 anos de estrada, a banda sempre se orgulhou de fazer o mesmo heavy metal tradicional vigoroso e com timbre de guitarra peculiar, mas sempre com roupagens diferentes e instigantes a cada novo disco.

Desta vez, no entanto, algo saiu dos trilhos. O som é o mesmo, assim como a timbragem das guitarras, mas o quinteto deixou transparecer um certo cansaço – ou falta de inspiração, como preferir.

Ao contrário do Motorhead, que conseguiu mostrar vigor em seus álbuns mais recentes, como "Aftershock" e "Bad Magic", o Grave Digger não só fez mais do mesmo como, em alguns momentos, pareceu copiar a si mesmo.

O álbum do ano passado, "Healed by Metal", ainda tinha um certo vigor ao propor levadas diferentes de bateria e um baixo mais presente e pesado, embora sem grandes canções para destacar. "The Living Dead" soa mais cru, com guitarras pesadas e densas, mas sem a energia vista nos últimos três álbuns.

O álbum vale pelas três primeiras músicas, que dão o tom da obra e mostram o Grave Digger de sempre – são elas "Fear of the Living Dead", "Blade of the Immortal" e "When Death Passes By".

Nas demais canções o que temos é ,mais do mesmo, no pior sentido da expressão, tornando a audição um pouco cansativa diante da repetição e da falta de boas ideias. Que o cansaço e a falta de inspiração sumam bem rapidinho no próximo álbum.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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