Movimento Black Rio continua lindo
Combate Rock
25/08/2018 07h13
Nelson de Souza Lima – especial para o Combate Rock
Jovens da periferia do Rio de Janeiro se reúnem as centenas pra dançar ao som de música negra. Os bailes ficam lotados e o intuito é diversão/afirmação mostrando o quanto as comunidades suburbanas têm vez e voz. Parece que falamos dos atuais encontros de jovens que curtem o funk pancadão.
Porém, estou me referindo a um período no qual o orgulho dos negros cariocas tomou o Brasil vertiginosamente tornando-se conhecido como Movimento Black Rio.
O auge aconteceu na década de 70 e para lembrar sua importância os jornalistas Luiz Felipe de Lima Peixoto e Zé Octávio Sebadelhe lançaram uma obra obrigatória – "1976 Movimento Black Rio", Editora José Olympio, que traz em mais de 250 páginas e inúmeras fotos o que foi aquele período.
Com entrevistas, relatos e depoimentos mostram como a Soul Music norte-americana influenciou o comportamento dos jovens negros e sua maneira de se postar diante das intempéries sociais. E isso durante a Ditadura Militar que perdurava no Brasil.
Mas o Black Power se impôs e ao som de James Brown, e de artistas nacionais, entre eles, Tim Maia, Cassiano, Hyldon, Macau, Luizinho Disc Jockey e Tony Tornado, resistiu. Para Lima Peixoto o soul foi para a juventude negra uma forma de identificação, do mesmo modo que o rock foi para os jovens brancos.
"Uma liberdade de expressão. O Black Rio adentrou no cenário carioca e brasileiro como um movimento de anseio musical, mas também político, cultural e intelectual", diz. "As manifestações culturais dos negros sempre sofreram grande resistência e desconfiança das elites brasileiras. Naquela época, muitas vezes foi por medo ou receio de algo que nunca tinham visto, uma grande aglutinação de jovens negros buscando afirmação como ideal num baile", atesta.
"Foi mesmo pernada a três por quatro; tiro, porrada e bomba, vindo de todos os lados. Mas o Movimento Black Rio foi destemido", conclui o jornalista. Uma obra para ler ao som dos magos da Soul Music. Recomendado.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
Sobre o Blog
O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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