Marcelo Moreira

O moleque durão, mas solitário e revoltado, que adorava provocar e brigar, decidiu contar a sua versão. Incomodado com algumas passagens da autobiografia de seu parceiro de vida (poderia ser diferente?), gastou três anos de sua vida para escrever o seu próprio livro.

"Thanks a Lot Mr. Kibblewhite: My Story" sai em breve na Inglaterra. É a autobiografia de Roger Daltrey, o vocalista da banda The Who. Muita gente pensou que seria uma resposta a "Who I Am", de Pete Townshend, seu companheiro de mais de 50 anos de banda e guitarrista fundamental para a história do rock.

"Se disser que não pensei nisso estaria mentindo", disse o cantor rindo bastante em uma entrevista recente para a televisão inglesa a respeito de o livro ser uma resposta ao livro do amigo. "Só que é apenas uma autobiografia, a minha versão de alguns fatos sobre a minha história e a história do Who, histórias que nem forma mencionadas no livro de Pete."

Ele se refere a alguns fatos importantes como o exato momento em que o Who foi criado e que realmente aconteceu no aniversário de 21 anos de Keith Moon no Holiday Inn, nos Estados Unidos, quando o baterista teria jogado um carro na piscina do hotel em 1968. "Tive de fazer um esforço grande para elucidar muita coisa e separar a verdade dos mitos."

E história é o que não falta – as festas malucas, as brigas internas e externas, os hotéis destruídos, as drogas e as bebidas, as mortes do baterista Keith Moon e do baixista John Entwistle, a relação de amor e ódio com Pete Townshend.

A brilhante música criada por Roger Daltrey no The Who e em sua carreira solo também entram no livro, que conta o processo criativo de hinos eternos como "My Generation" e "Won't Get Fooled Again".

Com ironia, Daltrey agradece pela inspiração para sua rebeldia e força criativa ao rigoroso Mr. Kibblewhite, seu professor quando era adolescente, merecedor da menção no título da sua autobiografia.

O livro será lançado oficialmente em outubro nos Estados Unidos – ainda não há previsão de lançamento no Brasil. Para quem gosta de música e de rock, o livro promete ser quente, com muita coisa inédita ou pouco conhecida – e o melhor, será quase que totalmente baseado na trajetória do Who, algo que faltou no livro de Townshend.