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Vinte anos depois, Sepultura comemora a 'vitória' de Derrick Green

Combate Rock

03/08/2018 06h33

Marcelo Moreira

Sepultura (FOTO: DIVULGAÇÃO)

A mudança foi traumática e demorou dois anos para "cicatrizar". E eis então que uma das maiores bandas do mundo anuncia um novo vocalista que deveria substituir o ex-líder carismático e que era a "cara" e o "dono" da parada. Visto com descrença, desprezo e ironia, fez a única coisa que poderia fazer: calar todos os críticos.

Quando o Sepultura subiu ao palco do fantástico Wacken Open Air, o mais prestigiado festival de metal da Europa,, nesta quinta-feira, 22 de agosto, o cantor Derrick Green tinha muito a comemorar: completava 20 anos à frente da banda brasileira.

Desde sempre enfrentou a sombra de Max Cavalera (e depois a do amigo Iggor, o baterista e irmão que saiu da banda em 2006) – a cada 15 dias surgem declarações, boatos ou revindicações de uma reunião da formação clássica, com a volta dos irmãos ao Sepultura.

E não é que o gigante tirou de letra e está quase o dobro de tempo no Sepultura em relação a Max?

Se o começo com "Nation" ainda mostrava uma banda em busca de um novo caminho, podemos dizer que os últimos três álbuns, desde "Kairos", o quarteto consolidou um trabalho de qualidade e recuperou o prestígio, para desespero daqueles que insistem que o Sepultura acabou naquele dezembro de 1996, na Inglaterra, quando Max decidiu sair.

Em 20 anos de parceria, Derrick Green evoluiu com a banda, também encontrando o seu caminho e a sua voz. Os potentes urros do começo permanecem (até mesmo mais poderosos), mas o que podemos observar é que o vocalista hoje é um músico versátil e criativo, que constrói melodias e fraseados interessantes e quase impossíveis.

Plenamente adaptado, ainda que tenha dificuldades com o português, seu desempenho irrepreensível em "Machine Messiah", o álbum mais recente, torna Derrick uma parte indissociável da banda. Assumiu a difícil tarefa de ser a nova cara de uma banda importantíssima e simbolizou melhor do que ninguém o renascimento.

Andreas Kisser é o cérebro, o coração e a liderança, mas não há dúvida de que o vocalista negro é a ponta-de-lança de uma nova carreira (que já não é mais tão nova).

O Sepultura foi muito corajoso em escolher um cantor que tinha origens totalmente diversas. Houve um choque quando Derrick apareceu e, principalmente, abriu a boca.

Vinte anos depois, Derrick Green se tornou o melhor argumento para dissipar qualquer tentativa de resgatar a conversa de reunião da formação clássica. É a maior prova da carreira bem-sucedida da banda pós-Max Cavalera.

O Sepultura venceu, sem dúvida, mas o maior vencedor, se é possível falar dessa maneira, é o seu outrora desprezado e discriminado vocalista.

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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