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Salas menores, uma saída para melhorar o panorama do rock em São Paulo

Combate Rock

18/07/2018 07h00

Marcelo Moreira

Bendicta lança o EP 'Recomeço' no Manifesto Bar (FOTO: MARCELO MOREIRA)

O que a arquitetura e a música erudita têm a ensinar ao mundo do entretenimento, em especial para o rock?

A resposta está nos livros da escritora norte-americana Victoria Newhouse, especialista em história da arquitetura.

Em esclarecedora entrevista dada ao músico Andrew Balio, publicada na última edição da revista Época, os dois discutem a fuga de público das salas de concertos norte-americanas. A música erudita perde público e a constatação é a seguinte: os locais de exibição são muito grandes.

Newhouse cita o gigante Metropolitan Opera House, de Nova York, com seus 4 mil lugares frequentemente vazios quando ocorrem os chamados concertos da temporada regular.

"Não faz mais sentido manter salas desse tamanho, a realidade é de escassez de público. Os locais menores, de até 400 lugares, acabam se tornando mais rentáveis e adequados ao tamanho do público. É muito ruim e triste ver uma sala de concertos com apenas metade das cadeiras ocupadas, diz a escritora.

Essa realidade pode ser observada, de certa forma, em São Paulo, e no Rio de Janeiro, mais acentuadamente na primeira cidade.

Se não bastassem os poucos lugares para ver um bom show de rock de porte médio, há ainda a questão do público menor, seja por conta da crise, seja por conta do desinteresse pelo gênero, que observamos nos últimos anos.

Com o rock em baixa, sobretudo o autoral nacional, chegamos à conclusão que o Carioca Club, hoje a principal casa de shows da cidade de São Paulo para bandas de portes pequeno e médio, tornou-se "grande" demais para alguns eventos.

Sobram então o Fabrique, na Barra Funda, que ainda resiste, com sua lotação variando de 500 a 600 pessoas, e o Manifesto, entre os Jardins e o Itaim Bibi, que já abrigou 800 pessoas. Há também o Cine Joia, na Liberdade, pertinho da praça da Sé.

Alguns locais alternativos de vez em quando surgem para abrigar pequenos festivais de rock, como o Jai, na Vila Mariana, o Clube Piratininga, entre Higienópolis e Barra Funda, e o Espaço Victory, na Penha (zona leste), este um imenso galpão para quase 4 mil pessoas. No entanto, são locais que foram adaptados para shows e são muito pouco utilizados para o rock. E que fim levou o Santana Hall?

A necessidade de redução do tamanho de locais de concertos em Nova York pode servir de informação importante para os produtores de shows nacionais.

A busca por lugares menores, ainda que à custa de estabelecer ingressos um pouco mais caros, talvez seja a saída para revitalizar um mercado que clama por ideias para ressurgir.

Praticamente todas as cidades de portes grande e médio do Brasil carecem de salas decentes para shows e concertos. Locais reduzidos e adaptados podem resolver no curto prazo, mas no médio a situação fica complicada, no caso de um reaquecimento da economia. E convenhamos, não dá para pagar R$ 200 ou R$ 300 para assistir um show de rock em situação desconfortável.

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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