Topo

Sem a Rolling Stone Brasil, a cultura brasileira fica muito mais pobre

Combate Rock

05/06/2018 07h00

Marcelo Moreira

Jornalismo de qualidade e diferenciado custa caro. Houve um tempo em que isso era valorizado e reverenciado. Hoje, infelizmente, tais atributos são ignorados.

Embora não seja uma grande surpresa, o anúncio de que a edição impressa da revista Rolling Stone Brasil será suspensa foi um golpe para quem preza informação de qualidade e bem feita na área da cultura e do entretenimento.

Houve um tempo em que não havia bolso para comprar todas as publicações que falassem de cultura, música e artes. Hoje só temos a revista Cult e as musicais Roadie Crew e Total Guitar. Cadê o resto?

A maioria das pessoas recebe esse tipo de notícia com desdém ou menosprezo. Toda semana um jornal ou uma revista anuncia o fim das atividades ou a migração definitiva para a internet. Jornais quase centenários de cidades importantes do interior somem e não causam comoção.

Era o caso de todos ficarmos comovidos com o fim do impresso da Rolling Stone? Com certeza.

Se não tinha o estofo e a dimensão da matriz norte-americana – e nem era o caso de ter -, a Rolling Stone Brasil conseguiu a proeza de mostrar um outro lado da cultura feita no Brasil.

As vertentes mais populares e de periferia ganharam imensos destaques, assim como artistas alternativos. Foi pelas páginas da revista que o Brasil conheceu grafiteiros talentosos, fotógrafos inventivos e ousados e músicos diferentes que nunca tiveram espaço na imprensa tradicional.

Coube ao eterno e interminável Frejat, ex-guitarrista do Barão Vermelho, aquela que possivelmente será a última capa de edição semanal da Rolling Stone.

O perfil atual do músico foi publicado com um texto leve e sereno de autoria do jornalista José Júlio do Espírito Santo. Um final apropriado para uma publicação importante.

Segundo o portal Comunique-se, dedicado ao mundo da comunicação, os administradores da editora Spring, que editava a Rolling Stone Brasil, informaram que a última edição imprensa, provavelmente um produto especial, chegará às bancas em agosto e que anualmente deverão ser editadas quatro edições especiais.

Mais uma porta importante para a divulgação de informações e eventos culturais se fecha, e a repercussão é desanimadora.

Ninguém mais se importa com o desaparecimento de publicações importantes e que fizeram parte da formação intelectual de muita gente. Será que a internet é mesmo a chave de tudo e vai resolver todos os problemas?

Como blogueiro atuante e que leva adiante este Combate Rock, que existe há oito anos, gostaria de acreditar que sim. No entanto, a realidade insiste em não concordar conosco…

 

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Sem a Rolling Stone Brasil, a cultura brasileira fica muito mais pobre - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
Contato: contato@combaterock.com.br

Mais Posts