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Instrumental: o talento e a versatilidade de Tony Babalu e Ricardo Vignini

Combate Rock

02/05/2018 06h30

Marcelo Moreira

Tony Babalu (FOTO: KAREN HOLTZ/DIVULGAÇÃO)

Há quem diga que Tony Babalu é irmão gêmeo de Luiz Carlini, seja na aparência física, seja na genialidade ao tocar guitarra. Quem pensa dessa forma não está muito longe da verdade, ao menos na segunda questão.

Nome importante da música instrumental brasileira e do rock setentista nacional (tocou no Made in Brazil e no Quarto Crescente), Babalu é um estilista e às da guitarra, e isso fica muito claro no mais recente trabalho dele, "Live Sessions II".

Habilidade e destreza são algumas de suas características, mas  o feeling que explode nas caixa de som é fenomenal em faixa que vão do rock puro ao jazz, do blues à soul music. É muito talento em um instrumentista só.

Babalu toca com facilidade. Músicas como "Valentina" soariam como uma balada comum em um guitarrista com menos recursos, só que cresce demais quando Tony solta seus fraseados delicados.

Ele surpreende também com arranjos insólitos como em "Locomotiva", que tem muita habilidade, mas exala sentimentos melancólicos, bem bluesy.

"In Rock" ganha um pouco mais de peso e versatilidade, enquanto que a diversidade é a cara de "Veia Latina" e da ótima Meio-Fio".

Ricardo Vignini (Foto: Divulgação)

Versatilidade, aliás, é o principal adjetivo que podemos atribuir a "Rebento", um dos grandes trabalhos instrumentais de 2017. O violonista Ricardo Vignini, que prefere ser chamado de violeiro, é um paulistano que já tocou rock pesado em várias bandas nos anos 90 até descobrir a viola caipira.

Integrante do grupo Matuto Moderno e formando a dupla Moda de Rock com o parceiro Zé Hélder, é um dos músicos mais respeitados do país atualmente também pela carreira solo, além de ser produtor.

"Rebento" é um trabalho importante em sua discografia porque condensa todas as suas influências de mais de 20 anos de carreira, passando pela música regional, pelo folk, pelo rock progressivo e por ritmos associados à MPB.

A sonoridade do novo CD tem muito a ver com história de vida de Vignini. "Comecei a gravar o novo trabalho, chamei amigos musicais que fui acumulando durante a minha vida, que tinha vontade de compartilhar em um trabalho mas não tinha tido a oportunidade ainda. São amigos como Andre Rass, Ari Borger, Chistiaan Oyens, Bruno Serroni, Fernando Nunes, Lúcio Maia, Marcelo Berzotti, Marcos Suzano, Rafael Schimidt, Ricardo Carneiro e Sergio Duarte."

O tom que domina "Rebento" é o que a viola caipira insere, mas é possível observar muito mais do que a regionalidade latente que explode nos arranjos.

Vignini chama isso de pluralidade, um conceito que complicado de constatar à primeira vista. Tem o baião e o blues em "Pé Vermelho", com Sergio Duarte e a percussão de Marcos Suzano, mas também tem Jimi Hendrix em "Beijando o Céu", com a guitarra extraordinária de Lúcio Maia (Nação Zumbi).

"BR-116" tem pitadas de rock progressivo, assim como "Trevo", que agrega também passagens de música country. "Ventos de Novembro", com Ari Borger, tem um climão blueseiro, enquanto que "Dr. Cateretê" é música de raiz pura.

"Rebento" foi lançado pelo selo Folguedo e com a distribuição da Tratore em formato digital e físico. Trata-se de um trabalho excelente de um dos músicos mais criativos e ousados da atualidade.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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