John Perry Barlow, um visionário
Maurício Gaia
15/02/2018 10h19
A morte de John Perry Barlow, ocorrida no dia 07, não só nos priva do homem que ajudou a criar a lenda Grateful Dead, com suas letras, e do cyberativista ferrenho defensor da liberdade de expressão, mas também de uma das personalidade mais intrigantes.
Barlow, que conheceu e se tornou amigo de um Bob Weir ainda adolescente , logo estabeleceu parceria com sua banda, o Grateful Dead. A convivência com Weir e Jerry Garcia fez com que ele entendesse a criação de uma nova cadeia de valor – a banda incentivava os fãs a produzir bootlegs de suas apresentações, fazendo com que aumentasse o interesse por novos shows. "A melhor forma de aumentar a demanda por seu produto é distribuí-lo de graça", ele escreveu no artigo "A Economia das Ideias", publicado na revista Wired, em 1994.
Seu envolvimento com internet se iniciou na década anterior, quando juntou-se a uma comunidade online formada por fãs do Grateful Dead. Em 1990, ele funda, junto com outros ativistas digitais a EFF – Electronic Frontier Foundation, entidade voltada para proteger a liberdade civil na internet. O manifesto "Declaração de Independência do Cyberespaço" é enfática ao negar o poder aos governos, especialmente o dos Estados Unidos, em controlar a internet.
Republicano bissexto, Barlow colaborou com Dick Cheney (vice presidente de George W. Bush) durante muitos anos, embora tenha se declarado várias vezes como um "anarquista. A sua opinião sobre o presidente atual americano deve ser a mesma de muitas pessoas por aí: "um cuzão tóxico".
Barlow veio ao Brasil em 2003, em um evento chamado Mídia Tática, realizado em São Paulo. Ali, ele se encontrou com o recém-empossado ministro da Cultura Gilberto Gil e, a partir deste encontro, surgiu mais uma colaboração – muitas das políticas públicas de internet articuladas pelo MinC, a partir de então: a criação dos telecentros (pontos de acesso gratuitos à internet), pontos de cultura, flexibilização de direitos autorais, entre outros nasceram deste encontro.
Hippie, contestador, visionário, John Perry Barlow encarnou como poucos o espírito da contracultura. Seu legado, tanto quanto letrista do Grateful Dead, assim como um pensador da internet, nos guiará por muito tempo.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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