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A celebração da violência sonora pelo Slayer ainda é relevante

Combate Rock

23/01/2018 11h53

Marcelo Moreira

Slayer (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Um mundo sem devastação sonora e a iconoclastia suprema. Nem mesmo o esperado fim do trio canadense Rush, anunciado na semana passada, teve tons tão dramáticos quanto a divulgação da suposta turnê mundial de despedida do Slayer, um dos pilares do thrash metal.

Assim como os alemães do Scorpions, na estrada há mais de 50 anos, costumam anunciar uma grande turnê mundial de despedida a cada cinco anos, é bom termos cautela quanto ao fim próximo do Slayer.

A saída anos atrás do baterista Dave Lombardo e a morte do guitarrista Jeff Hannemann alteraram muito a dinâmica do grupo e conhecedores fanáticos do grupo juram que o guitarrista Kerry King, que carrega a banda nas costas ao lado do vocalista e baixista Tom Araya, já dava indícios nos últimos tempos de que o fim não estava muito distante.

Não foram poucas as entrevistas em que King demonstrava certa insatisfação com os rumos atuais da música pesada e com o que entendia ser um futuro sem muitas perspectivas para um gigante como o Slayer.

Mas como assim, se o Slayer ainda continua sendo uma das grandes atrações pesadas do mundo do rock?

Inconscientemente, o próprio guitarrista deu as pistas para a resposta acima em uma declaração anos atrás para uma revista inglesa.

"O rock hoje carece de algo surpreendente, algo que mexa com as estruturas e chacoalhe tudo, como o Black Sabbath fez nos anos 70, como o movimento punk e a New Wave of British Heavy Metal e mesmo com o surgimento do thrash Hoje vejo tudo muito pulverizado", disse King.

Esgotamento criativo ou apenas a exaustão de mais de 35 anos fazendo som extremo e profano? Será que não dá para recarregar as baterias e fazer como o Deep Purple, que caminha para o 51º ano de existência com dois discos muito bons nos últimos cinco anos?

Ou será que o carecão Kerry King deixou de ver razão para fazer som extremo aos 50 e tantos anos, coisa que os concorrentes do Metallica ainda fazem com  gosto – contanto que seja por muito dinheiro, é claro?

A celebração da violência sonora, marca registrada da porrada atômica Slayer, continua relevante e necessária em pleno século XXI.

Aproximando-se das quatro décadas de existência, o quarteto é um dos poucos na atualidade que provoca comoção e expectativa quando anuncia o lançamento de um novo CD ou turnê. Só por isso deveríamos louvar e torcer para que a carreira seja estendida por mais alguns anos. Há ainda muita lenha para queimar.

Cartaz da turnê mundial do Slayer, com os convidados Anthrax, Testament, Lamb of God e Behemoth

Por mais que as reclamações tenham sido constantes em relação à qualidade dos álbuns mais recentes – muita coisa não passa de birra de gente que exige o retorno a 1984 -, o fato é que nenhuma banda extrema consegue ser impactante e impressionante como o Slayer.

A velocidade insana, as letras devastadoras e as guitarras massacrantes e pesadíssimas estabeleceram um padrão quase impossível de ser igualado, mesmo neste século. O que está levando Kerry King, supostamente, a não ver perspectivas e aventar o fim do Slayer?

Se o maravilhoso Rush já dava sinais de desgaste e tinha de driblar as constantes queixas do baterista Neil Peart, com sérios problemas de saúde, com o Slayer certamente não era o caso, pois a chegada do guitarrista Gary Holt (que também é líder do Exodus) deu um novo impulso à paulada musical, ampliando as possibilidades da banda.

Em um panorama difuso e pulverizado dentro da música, Slayer ainda é capaz de, de certa forma, a chocar e chamar a atenção com sua agressividade e violência sonora. Elas continuam, sendo necessárias no dia de hoje.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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