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Meninas em fúria: Threesome não hesita em explorar a sensualidade

Combate Rock

11/01/2018 07h02

Marcelo Moreira

Juh Leidl, da Threesome (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Som pesado, sensualidade e muita atitude. Algumas bandas brasileiras estão apostando em mulheres na dianteira e na voz e conseguiram se destacar no concorrido e mirrado panorama roqueiro nacional. Foi o caso das bandas Klatu, McGee & The Lost Hope, The Leprechaun e Fábrica de Animais, entre outras.

Percorrendo a trilha bem sucedida estão outras duas bandas bandas paulistas com meninas iradas e ousadas: Threesome e Vox Ígnea.

Formada em 2012 em Campinas (SP), a Threesome é um quinteto de música autoral esteticamente influenciada pelo rock dos anos 60 e 70 e com referências de outros segmentos como o blues, jazz e o indie.

Mas o que chama a atenção é o conceito que o quinteto decidiu impregnar em seu som, a começar pelo nome – em inglês, na tradução livre, significa sexo a três, no jargão da indústria de filmes adultos (pornô).

Não que o tema domine as músicas da banda, mas foi um ponto de partida que atraiu as atenções para o grupo – além, é óbvio, da performance e postura da cantora, a bela Juh Leidl.

"Foi uma coisa natural optarmos por dar um enfoque um pouco mais direcionado ao tema, amor e sexo são ingredientes vitais m nossas vidas e é possível tratar do tema de forma sofisticada e elegante", diz a cantora.

Juh também é artista plástica e sabe como o assunto chama a atenção das pessoas. Como artista, acredita que é possível manter a elegância e o bom gosto, seja em inglês ou português.

"Claro que a malícia é um ingrediente saboroso em uma obra de arte, mas a ideia é fugir dos clichês do gênero falando de relações humanas pela perspectiva de experiências sexuais, monogâmicas ou não", afirma Juh. "Dá para provocar um pouco e lutar contra certos preconceitos."

Os temas já tinham aparecido em "Get Naked", o primeiro álbum do grupo, de 2014. No entanto, a banda resolveu dar uma guinada quando o antigo vocalista saiu. Sobrou para Juh assumir os vocais.

Com isso, a perspectiva mudou e o conceito foi aprofundado. O resultado foi o EP "Keep On Naked", lançado neste ano, que traz regravações de duas músicas do disco de estreia, "Every Real Woman" – agora "ERW" – e "Why Are You So Angry?" – rebatizada como "Sweet Anger" -, além de uma faixa inédita chamada "My Eyes".

"O sexo e toda a curiosidade sobre ele está presente na história humana desde os primórdios, é natural termos vontade de falar sobre ele", comenta Juh Leidl. "As artes, por sua vez, têm como princípio básico ser manifestação da expressão humana e sua visão e busca da compreensão sobre tudo ao nosso redor. Logo, arte mais sexo faz todo o sentido. O clichê sexo e rock n roll pode parecer batido, mas continua sendo verdadeiro. O rock tem seu caráter rebelde, marginal, incontrolável e como o sexo ainda hoje continua sendo tabu, por mais absurdo que pareça. Mais uma vez, falar sobre sexo no rock, é quase inevitável."

O som é um rock'n'roll que esbarra no stoner, com guitarras pesadas e bateria veloz. Ainda buscando um estilo e uma personalidade vocal, Juh consegue imprimir sensualidade e malícia na interpretação, embora às vezes force demais a voz. Mesmo assim, a moça tem alto potencial para voar e se tornar uma das principais vozes femininas do rock nacional.

Mas e a questão da exploração sexual de sua beleza pela banda, tanto nas fotos promocionais como nos shows? Não é algo que a incomode, como ocorre com outras cantoras.

"Não é nossa intenção, sempre valorizamos a obra e as músicas. No entanto, até pelo conceito de algumas de nossas canções, acaba sendo inevitável que essa visão predomine. Mas lidamos bem com essa questão, conseguimos trabalhar de forma pertinente diante dessa circunstância", analisa a cantora.

E ela ainda aprofunda a discussão, revelando que falar de sexo é, na verdade, uma coisa libertadora. "Criamos músicas com temas eróticos, mas temos material para pelo menos mais três álbuns já compostos e não ficamos presos só em sexo. Nossa maior preocupação, sobretudo, é falar sobre liberdade e respeito, em vários sentidos. E falar sobre temas eróticos é uma maneira de explorar a liberdade de pensamento, de normas, e a banda tem tanto isso em comum, essa busca pela liberdade."

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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