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Quando seu ídolo não passa de um babaca

Maurício Gaia

11/12/2017 07h02

O ano de 2017 foi pródigo em desmascarar ídolos, principalmente na indústria do cinema: atores, diretores, produtores, donos de estúdio, etc, foram acusados (e muitas vezes com provas) de assédio sexual e moral a mulheres e homens, quase todos subalternos. No Brasil, tivemos também o caso do ator José Mayer, também acusado de assédio; William Waack expondo seu racismo em vídeo vazado, e por aí vai.

Dessa vez, o ídolo babaca é Josh Homme: em uma apresentação do Queens of Stone Age, o idiota, sem nenhum motivo aparente, CHUTA a máquina e a cabeça de uma fotógrafa que estava à frente do palco, fazendo seu trabalho. Chelsea Lauren, a fotógrafa, acabou parando em um hospital, em Los Angeles.

Eu já desconfiava que Homme não passasse de um babaca presunçoso mas com certo talento: ao ver o filme American Valhala, que ele co-dirige, sobre a tour feita com Iggy Pop para o álbum "Post-Pop Depression", Homme aparece com alguns discursos filosóficos dignos de uma criança de 10 anos. Não, com certeza, crianças de 10 anos falam coisas mais profundas e verdadeiras.

Em situações como essa, sempre se volta à mesma pergunta: devemos separar o artista e sua obra? Neste mesmo Combate Rock, já se discutiu as atitudes de gente como Phil Anselmo, ex-vocalista do Pantera, reincidente em manifestações pró-supremacistas brancos e nazistas.

Pessoalmente, acredito que todo e qualquer ídolo ou celebridade está a um passo de decepcionar seus fãs, pois são cheios de erros e acertos como qualquer pessoa. Mas, como personalidades públicas, acabam tendo que assumir algumas responsabilidades que são mais cobradas deles do que de anônimos como nós.

Assim sendo, é louvável a atitude de parte de torcedoras do Atlético/MG, ao cobrar um posicionamento público do clube após a condenação, por estupro, do jogador Robinho. O ídolo não é inquestionável. Ele deve sim, ser cobrado por seus atos.

Josh Homme, instantes antes de chutar Chelsea Lauren (foto: Chelsea Lauren/Instagram)

Em tempos que a cada pisada de bola de uma personalidade pública, ela corre para redes sociais com algum pedido de desculpas, Josh Homme não poderia fazer diferente: na conta oficial da banda no Twitter, ele mandou um "mals aê, não tinha nem percebido.."

Fica aqui a lição: quando seu ídolo não passa de um babaca, você pode questioná-lo, cobrar respostas. Se achar razoável, pode sim fazê-lo sentir na parte mais sensível (sim, você sabe, a parte mais sensível de um astro de rock é o bolso, mesmo): não vá ao show, não dê play nos serviços de streaming, não compre discos. Isso, claro, se você realmente se incomoda com a babaquice dele.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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