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Black Country Communion retoma as atividades e mostra vigor em novo álbum

Combate Rock

04/10/2017 06h54

Marcelo Moreira

Os dois amigos que viraram ex-amigos e que voltaram a ser amigos evitaram soltar rojões. O baixista Glenn Hughes (ex-Deep Purple e Black Sabbath) mostrou-se bastante satisfeito com o retorno do Black Country Communion, e quase soltou o clichê dizendo "a química sempre existiu, foi como se não tivéssemos ficando tanto tempo longe".

Joe Bonamassa, o guitarrista mais prestigiado da atualidade, foi mais discreto e até revelou que houve um estranhamento inicial após quatro anos de separação, "mas logo a coisa engrenou de vez."

Há otimismo no ar, e o novo álbum da banda, "BCC IV", o quarto de estúdio, recuperou a crença de que o Black Country Communion pode voltar aos trilhos do caminho de se tornar a melhor coisa que surgiu no rock na segunda década deste século.

É verdade que a interrupção das atividades, em janeiro de 2013, afetou bastante o lado artístico. foram três álbuns e um combo CD-DVD ao vivo em dois anos de muita pauleira, sendo que um álbum era melhor do que outro. O que poderíamos encontrar de interessante após quatro anos de separação?

Um bom álbum de rock, provavelmente um dos melhores do ano, mas inferior à erupção de inspiração que produziu três álbuns excelentes entre 2010 e 2012.

O primeiro single, lançado bem antes "BCC IV", foi "Collide", um hard rock poderoso e cheio de groove, com a guitarra de Bonamassa na cara, duelando bem com os teclados de Derek Sherinian.

Música legal, mas com aquele "cheiro" de déjà-vu": seria uma boa música para completar o ótimo "BCC II". Como single principal do novo trabalho? Nada de novo no front, pelo jeito.

É uma regra geral no rock: não se deve esperar muita coisa de bandas em trabalhos novos imediatamente anúncios de voltas e reuniões. Poucos conseguiram surpreender, como foi o caso do Iron Maiden em 2000 com "Brave New World".

O Black Country Communion retornou após quatro anos afiado, mas menos furioso e buscando uma variação maior de leques musicais, mais ou menos como fizeram no passado Living Colour e The Cult, quando voltaram à ativa.

Hughes e Bonamassa continuam os motores criativos e conduziram o grupo, completado pelo baterista John Bonham, a uma direção mais setentista, mesmo que direcionada para as guitarras.

Acertaram em registrar somente dez canções, em um resultado enxuto  de boa qualidade. "Collide" é um bom cartão de visitas, mas tem outras boas canções, como a belíssima "The Last Song for My Resting Place", cantada por Joe Bonamassa, a única em sua voz.

Black Country Communion em 2017: da esq. para a dir., Bonamassa, hughes, Bonham e Sherinian (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Sem arriscar muito, mantiveram a fórmula, deixando sempre uma canção longa e épica para que o guitarrista exercite suas habilidades e suas ambições, como nas maravilhosas e igualmente épicas "Song of Yesterday" e "The Battle of Hadrian's Wall", dos álbuns anteriores.

Dramática e tensa, "The Last Song for My Resting Place" é um conto sobre a vida, com reflexões até certo ponto ingênuas – não se espera um tratado filosófico de Bonamassa ou Hughes – ainda bem!

"Sway" e The Cove" mostram uma banda mais rock, urgente e com pressa de mostrar que os quatro anos de hiato não foram perdidos – ou será que é uma corrida contra o tempo para recuperar o que deixaram de fazer?

"Wanderlust" traz Glenn Hughes cantando de forma magistral, assim como na excelente "When de The Morning Comes", que não chega a ser épica, mas revela uma banda coesa e poderosa, ainda que um pouquinho enferrujada em relação ao álbum "Afterglow", de 2012.

A relargada do Black Country Communion é animadora, demonstrando que a pegada é a mesma, mas que merece ainda alguns ajustes e um pouco mais de inspiração.

Há riscos de nova ruptura? Sim, e dos grandes, já que Bonamassa não abriu mão de sua agenda lotada – motivo principal da separação no comecinho de 2013. Além disso, Derek Sherinian se encaixou bem demais no novo projeto do amigo e baterista Mike Portnoy, ex-companheiro de Dream Theater.

O Sons of Apollo é o nome da nova superbanda, que tem os dois mais o baixista Billy Sheehan (Mr. Big, The Winery Dogs), o guitarrista Ron "Bumblefoot" Thal (ex-Guns N' Roses) e o vocalista Jeff Scott Soto )ex-Yngwie Malmsteen e Talisman).

Há futuro para o Black Country? "Sim, e o novo álbum é prova disso. Além do mais, foi Joe (Bonamassa) quem sugeriu a volta, com o apoio do produtor Kevin Shirley. Estou animado, mas bastante sereno com as possibilidades", disse Hughes em recente entrevista à revista Ultimate Classic Rock.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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