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Hard rock explode no SP Trip e celebra Aerosmith, Bon Jovi e Def Leppard

Combate Rock

25/09/2017 12h07

Marcelo Moreira

Aerosmith foi ainda melhor em São Paulo (FOTO: DIVULGAÇÃO/MERCURY CONCERTS)

Na festa do hard rock no São Paulo Trip Festival, fica a pergunta após a maratona de shows: quem substituirá à altura os craques que estão saindo de cena?

Com a quase certa aposentadoria do Aerosmith e o gás de Bon Jovi e Def Leppard chegando ao fim, os adeptos do subgênero se perguntam se há candidatos minimamente razoáveis para tomar o lugar dos veteranos. Volbeat? Dead Daisies? Santa Cruz? Black Stars Riders?

Entre os frequentadores do Allianz Parque, o estádio do Palmeiras, ficou uma certeza: se os shows de São Paulo não foram melhores que os dos Rock in Rio, com certeza foram mais relaxados e descontraídos.

Seria difícil o Aerosmith conseguir superar o que fez no Rio, mas conseguiu em São Paulo neste domingo, 24 de setembro.

Muita gente reclama do excesso de baladas que a banda despeja em seus shows, tendo como alvo o público pop que gosta de coisas mais acessíveis e, claro, as mulheres.

Isso não muda ano a ano mas, aparentemente, com os anos, o quinteto aprendeu a dosar as coisas e a colocar mais rock e blues no repertório numa tentativa de agradar aos "classic rockers". Foi assim no show de 2016, em São Paulo, e agora, no Rio.

No estádio do Palmeiras, os quilos de hits foram despejados sem dó, como "Cryin"' e "Crazy", além da icônica "Love in a Elevator".

Só que a banda repetiu o que fez no Rock in Rio e enfiou blues de responsabilidade no meio, como "Stop Messin' Around", gravada por meio mundo do rock e do blues, e a linda "Oh Well", do Fleetwood Mac, da fase em que quem mandava era o guitarrista Peter Green – cortesia de Joe Perry, guitar hero por excelência.

E o que dizer da versão mais lisérgica e ácida de "Come Together", dos Beatles. Ok, ela é bem reverente e pouco inovadora em relação à original, mas o cantor Steven Tyler, 69 anos de idade, mostrou uma entrega comovente. E ainda teve uma gema rara dos anos 70 do repertório do grupo, "Mother Popcorn", curiosa e que deu um tom diferente à apresentação.

Se em 2016 a banda fez uma apresentação boa em São Paulo, mas nada além disso, resolveu compensar neste ano com dois shows excelentes, em que juntaram profissionalismo e muita vontade de tocar.

Def Leppard também foi bem no Allianz Parque (FOTO: DIVULGAÇÃO/MERCURY CONCERTS)

Pode-se dizer o mesmo do Def Leppard. Se houve alguma dificuldade para engatar no Rock in Rio uma apresentação arrebatadora, em São Paulo o astral estava diferente.

Talvez por estar em um ambiente mais apropriado e melhor para um grande show, o quinteto britânico teve mais força para encarar um público mais focado e interessado, com mais interação.

E não poderia haver melhor banda para fazer a abertura de um evento cujo artista principal era o Aerosmith. Também com uma cesta de hits poderosos para oferecer aos fãs, Def Leppard esbanjou categoria e competência.

O som estava melhor que o do Rio e a banda pôde surfar sem riscos. "Animal" foi entoada por toda a pista a plenos pulmões, enquanto que "Love Bites" e "Photograph" resgataram por alguns momentos os melhores momentos da década de 1980. Para quem não esperava muita coisa de uma banda considerada fora de moda até mesmo na Europa, o show dos ingleses foi de ótima qualidade.

No sábado, 23 de setembro, o Bon Jovi brilhou no Allianz Parque depois de saborear uma performance elogiada no Rock in Rio, no dia anterior.

Ok, houve quem chiasse em relação à voz de Jon Bon Jovi, que não apresentou aquela vitalidade esperada, mas em São Paulo o cantor pareceu querer se vingar e foi muito bem.

Com a vantagem de possuir uma carteira de clássicos hard e baladas intensas e pegajosas, o grupo encontrou um público ávido e disposto a reverenciar o quinteto, independente de falhas ou escorregadas aqui e ali.

Bon Jovi em São Paulo (FOTO: DIVULGAÇÃO/RICARDO MATSUKAWA/MERCURY CONCERTS)

Evitando a aposta fácil nas baladas, como faz o Aerosmith, Bon Jovi equilibrou melhor as coisas e chacoalhou o estádio com hits de peso, como "It's My Life", "Lay Your Hands On Me", "Livin' On a Prayer", "These Days", "Bad Medicine" e muitos outros, enquanto "Bed of Roses" e "Always" destacavam o lado mais meloso e acessível da banda.

Richie Sambora fez falta? Sim e não. Um músico desse calibre sempre faz a diferença, ainda mais sendo um dos principais compositores e com uma pegada bluesy bem característica, além de cantar bem. Os fãs certamente lamentaram a sua ausência.

Por outro lado, a apresentação foi tão redonda e profissional que, de certa forma, é possível não sentir tanto a falta de Sambora.

Seu substituto, Phil X, músico canadense veterano que tem no currículo a passagem pelo Triumph, substituindo Rik Emmet, é um instrumentista classudo, versátil e de vários recursos, um especialista em hard rock. Só não tem aquele acento bluesy que sempre caracterizou a pegada de Sambora. Discreto e eficiente, ajudou a empurrar a banda para uma apresentação ainda melhor que a do Rock in Rio.

 

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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