The Cult demora a engatar e faz apresentação sem brilho em São Paulo
Combate Rock
23/09/2017 07h17
Marcelo Moreira
A missão era bastante indigesta: abrir o primeiro show do Who na América Latina, no São Paulo Trip, na quinta-feira, no Allianz Parque.
Embora tivesse um bom cartaz no Brasil, The Cult nunca empolgou realmente as plateias brasileiras – e o Brasil evoca más lembranças à banda, pois foi em 1994, minutos após uma apresentação no Rio de Janeiro, que uma briga rumorosa entre os integrantes selou o fim as atividades do grupo até então.
Assum como o Who, o Cult está reduzido a uma dupla da formação clássica – o vocalista Ian Astbury e o guitarrista Billy Duffy.
A dupla se esforçou bastante em um show competente, mas sem empolgação. Sobraram farpas para o público e a resignação de que todo mundo tinha ido lá para ver a atração principal, e não a banda de hard rock sensação dos idos de 1985-1986 na Ingllaterra.
O começo foi burocrático, meio no piloto automático, mas depois a apresentaação foi melhorando à medida que Duffy esquentava com solos interessantes e uma timbre característico do som do grupo.
O peso da responsabilidade, aparentemente, deixou Astbury um pouco aturdido e irritadiço, a julgar pelos comentários frustrados a respeito do público.
Primeiro ele reclamou da falta de entusiasmo do público, e depois voltou sua ira para o que ele consideroum um excesso de gente filmando com celulares ou então não prestando a atenção ao show, preferindo as redes sociais. "Mande um recado para minha mãe", ironizou o Cult.
Talvez com menos responsabilidade para entreter uma plateia desinteressada e um pouco hostil, Duffy deu de ombros e resolver trabalhar duro e deu certo. Com uma sucessão de hits, o show melhorou consideravelmente e a guitarra tomou conta da apresentação.
"Lil' Devil" trouxe de volta o clima oitentista do Cult, com um belo trabalho de guitarras. "Sanctuary" soou um pouco devagar e mais climática, mas empolgou, assim como "Sweet Sooul sister".
Mas a redenção veio na grande versão de "Fire Woman", onde finalmente Astbury mostrou que é um ótimo músico – deixando de lado a impressão de que estava empurrando o show.
Por fim , o apoteótico final com a excelente "Love Removal Machine", um dos hinos do grupo, onde o som pesado dominou o ambiente e conseguiu colocar as pesosas para dançar e curtir.
Por mais que a banda soe datada – são os mesmo timbres oitentiistas de guitarra e um cllima soturnamente gótico de fundo -, o Cult tem um bom show e uma boa safra de hits para entreter. No entanto, definitivamente, o show paulista da banda em 2017 esteve bem longe de seus melhores dias.
Já o Alter Bridge, que abriu a noite, agradou com seu rock alternativo metido a hard rock. pesou a favor o bom trabalho realizado pelo vocalista Myles Kennedy, que também canta na banda solo de Slash.
Remetendo a um som um pouco mais moderno e guitarras um pouco estridentes, a banda fez bons números com as canções "Come to Life", "Water Rising" e "Open Your Eyes."
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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