O rock apareceu no Rock in Rio, e Alice Cooper e Aerosmith ganham a plateia
Combate Rock
23/09/2017 14h00
Marcelo Moreira
O rock apareceu no Rio de Janeiro na quinta-feitra, 21 de setembro. As guitarras dominaram o panorama e o Rock in Rio finalmente começou em 2017, enquanto The Who encantava os paulistas no Allianz Parque.
E pensar que o Aerosmith, com sua penca de baladas açucaradas de FM, iria arrancar elogios de muita gente que desconfiava da banda…
havia muita expectativa pela apresentação dos ingleses do Def Leppard, que abortaram sua participação em 1985 por conta do grave acidente de carro que decepou o braço do baterista Rick Allen. Naquela época, tivemos sorte de poder ver um Whitesnake reformulado e eno seu segundo auge.
No palco Mundo do Rock in Rio, o cantor Joe Elliot e sua turma bem que se esforçaram, mas o senso geral é de que faltou alguma coisa. Havia guitaras de menos e o som parecia menor.
Com uma banda que caminha para 40 anos de carreira, houve o esperado desfile de hits e sucessos, mas não houve empolgação. Os comentários básicos eram de que a "data de validade" parecia ter passado e que não havia muita explicação para que o Def Leppard estivesse ali. Uma pena, pois é uma banda importante do hard rock.
Antes dos ingleses, Alice Cooper mostroou uma competência que chega a assustar. Aos 69anos de idade, sua performance no palco melhora a cada ano. Sem soar datado, conseguiu agradar com seus truques de sempre, mas com um som mais moderno e interessante.
Mesmo relegado inexplicavelmente ao palco Sunset, mostrou vigor e reverência ao receber o contemporâneo Arthur Brown, uma espécie de precursor do rock teatral na Inglaterra nos anos 60. E a mistura deu certo.
O novo álbum, "Paranormal", foi representado, mas o que mexeu com a galera mesmo foram os hits de sempre – "No More Mr. Nice Guy", "Under My Wheels", "Only Woomen Bleed","Feed My Frankenstein", "School's Out", "Poison" e muitos outros.
O Aerosmith conseguiu a proeza de ser reverenciado até mesmo pelos mais radicais roqueiros críticos das últimos escalações do Rock in Rio. "Finalmente teremos rock", bradaram muitos quando perceberam que a banda de Boston, que tem 47 anos de carreira, fecharia a quinta-feira da segunda parte do festival.
Habitual frequentador dos palcos brasileiros, o show carioca mostrou uma banda que domina completamente o palco e que soube dosar hard rock, rock de arena e o mais deslavado pop radiofônico com suas baladas pegajosas. Eles prometeram e entregaram o que cumpriram.
Esqueça a rebeldia e a fase de consolidação dos anos 70, quando era capaz de produzir porradas como "Nobody's Fault", "Round and Round", "Draw the Line" e outras fascinantes canções.
Desde que voltou à ativa com a formação clássica, em 1985, e do estouro mundial com "Pump", em 1989, o Aerosmith se especializou em fazer hard rock acessível, com apelo comercial e feito sob encomenda para as emissoras FM mais pop, sempre de olho em um público jovem e cada vez mais feminino.
Nada contra, mas sempre foi difícil observar essa guinada a partir dos anos 90 vinda de um nome fortíssimo do rock norte-americano que sempre rivalizou com o Kiss e com Van Halen na captura de um público mais identificado com hard, mas nem tão pesado.
O passado sempre dá as caras, é fato, como vimos nas ótimas "Draw the Line" (já citada), "Toys in the Attic", What It Takes" e "Same Old Song and Dance", entre outros hits, que convivem bem com babas como "I Don't Wanna Miss a Thing", música gravada por encomenda para a trilha sonora de um filme ruim.
Assim como os veteraníssimos do Who e dos Rolling Stones, o sessentões do Aerosmith mostraram boa forma e muito carisma, e fizeram um show muito bom – quase arrebatador, na opinião de um renomado músico brasileiro de rock em entrevista a uma emissora de TV.
Foi bacana ver um show de rock de verdade, com muito profissionalismo e boa dose de humor. A banda parecia realmente estar curtindo a sua estreia no Rock in Rio e se esforçou bastante, compensando com sobras o público gigante que lotou a pista.
Houve tempo até para algumas surpresas, como clássicos do blues gravados em seu álbum dedicado ao gênero, "Honkin' on Bobo", como "Stop Messin' Around", além de "Oh Well", do Fleetwood Mac dos anos 60, e a reverente "Come Together", dos Beatles, versão que lançaram no final dos anos 70.
Com carisma de competência de sobra, o Aerosmith redimiu um festival que tem cada vez menos rock e mais outras coisas, que não são necessariamente boas para quem gosta de boa música.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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