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Don Letts traz o espírito punk a São Paulo

Maurício Gaia

30/06/2017 18h39

O In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical – encerrou sua nona edição no fim de semana passada, mas vale a pena destacar a passagem do cineasta e DJ (ou o contrário) inglês Don Letts. Convidado especial do evento, ele participou de bate-papos, além de comandar as picapes numa noite agradável de sábado, na Cinemateca Brasileira.

Don Letts, em encontro com o público no In-Edit Brasil (foto: divulgação)

Em 1976, os punks londrinos tinham como ponto de encontro o Roxy CLub. Sem ainda uma trilha sonora própria, suas noites eram regadas a reggae e dub, uma cortesia do DJ da casa, Don Letts. Ele foi um dos primeiros a sacar a importância do movimento e, com uma câmera super 8, passou a registrar o que via. "Além de mim, existia outro cara com uma câmera na mão, Julien Temple", disse em um dos encontros que teve com o público do In-Edit Brasil.

Foi quando ele decidiu que seria cineasta: "para um negro na Inglaterra naquela época, a única profissão disponível era ser motorista de ônibus e eu decidi que minha vida não seria assim", disse. Com uma câmera na mão e muitos punks à frente, ele não só registrou a cena, como foi fundamental para seu desenvolvimento: amigo dos membros do Clash e do Sex Pistols, ele apresentou reggae a eles, da mesma forma que foi o responsável a mostrar a Bob Marley que os punks não eram arruaceiros com inspiração nazista, como divulgado nos tablóides da época. Depois desse encontro, Marley escreveu "Punk Reggae Party". Por outro lado, após a implosão dos Pistols, Letts levou John Lydon para a Jamaica. Essa viagem foi fundamental para a definição dos pilares sonoros do que veio a ser o PIL, o grupo seguinte liderado pelo Johnny ex-Rotten.

Durante o festival, dois filmes dirigidos por Don Letts foram exibidos: Punk Attitude (2005), onde ele estuda os princípios e a ética que movem o espírito punk; e Two Sevens Clash (2017), com uma abordagem mais pessoal, sobre o encontro da música jamaicana com os primeiros punks e seus resultados.

Em conversa com a platéia, Letts avisa: o punk não é sobre o passado, mas sobre o futuro. Mais ainda, "não precisamos só de artistas punks. Na verdade, há vários deles. O que nós precisamos é de médicos punks, professores punks, políticos punks… principalmente políticos punks".

Em um dos encontros com o público, Letts foi perguntado sobre quais os melhores shows (e piores) que ele assistiu. Ele respondeu que o show do Clash no Rock Against Racism foi grande, "mas eu não assisti! Joe Strummer tinha me roubado a namorada e eu fiquei em casa chorando. Shows são legais e etc, mas existem algumas coisas mais importantes..", disse, entre risos. Elegante, disse que sobre os piores shows, "bem, existe muita música ruim por aí, sempre teve e eu vi muito show bosta, mas isso não importa." No final, você confere no vídeo aí embaixo qual show realmente o marcou.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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