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Destruir a Virada Cultural em seu conceito é um crime contra a cultura

Combate Rock

09/05/2017 07h00

Marcelo Moreira

Público lotou a avenida São João para ver os veteranos roqueiros do Uriah Heep em 2014 (FOTO: LEANDRO CHAPELLE/DIVULGAÇÃO/VIRADA CULTURAL)

Bem que o prefeito tentou dar uma "enganada", inventando um evento itinerante no centro, mas não colou: a inacreditável e estapafúrdia edição 2017 da Virada Cultural da cidade de São Paulo estará confinada grandes espaços fechados e bem longe das áreas centrais.

O detalhamento da absurda Virada Cultural ocorreu nesta segunda-feira (8), em entrevista coletiva pomposa na sede da prefeitura.

João Doria (PSDB) anunciou, como se estivesse fazendo uma concessão, que a Virada substituirá os palcos com grandes shows por tablados com apresentações menores no centro da cidade.

Além dos tablados, o centro terá programações itinerantes. Os cortejos circularão entre as ruas Xavier de Toledo, Conselheiro Crispiniano e as avenidas São João e Ipiranga. Entre as atrações: É o Tchan, Grupo Molejo e Tiago Abrava.

Artistas mais populares, como Nando Reis, Daniela Mercury, Titãs, Olodum e outros estarão tocando no Sambódromo do Anhembi e no autódromo de Interlagos.

A programação itinerante, e com por um período restrito, não passa de uma colher de chá para quem esbravejou contra o confinamento do evento longe da área central.

A destruição da Virada Cultural, com o consequente afastamento da "gente diferenciada" para o mais distante possível da cidade é o cartão de visitas da política cultural de Doria: esvaziamento e posterior desmonte da cultura e do entretenimento.

Com a desculpa risível de querer garantir a "mobilidade" na cidade, a atual administração reforçou o caráter elitista e higienista da decisão de afastar a Virada do centro, além de afirmar com todas as letras duas coisas:

– é fundamental para a administração Doria eliminar e apagar as marcas mais importantes da gestão anterior, de Fernando Haddad (PT);

– cultura e entretenimento não somente não tem nível algum de prioridade como não deverão receber atenção alguma;

– política cultural para os tucanos significa enfiar goela abaixo, de cima para baixo, diretrizes e programas inventados e criados por burocratas e e gente incompetente incapaz de compreender a importância da cultura popular e da necessidade urbana de ocupação dos espaços públicos – principalmente no centro da cidade.

Destruir a Virada Cultural, destituindo-a de seu conceito original de liberdade e diversidade, é um dos maiores crimes cometidos contra a cultura brasileira.

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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