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Música pop sofisticada e com perfeição: os 40 anos de 'Rumours', do Fleetwood Mac

Combate Rock

02/05/2017 07h00

Marcelo Moreira

Não existe Fleetwood Mac sem o guitarrista Peter Green. O decreto é firmemente disseminado pelos puristas fãs da fantástica banda inglesa dos anos 60, aqueles que abominam a fase pop que "usurpadores" teriam imposto à lenda, inclusive com vozes femininas.

O mundo deu muitas voltas depois que o grupo desmoronou após a maravilhosa fase blues, que inclluiu apenas três álbuns, entre 1968 e 1970.

Green sumiu do mapa, desiludido com a música e encantado por religiões e seitas esquisitas. Mergulhou fundo no misticismo até que sofresse vários surtos psicóticos, tendo que se submeter a tratamentos psiquiátricos.

O baterista Mick Fleetwood e o baixista John McVie viram-se abandonados por todos e tiveram de recomeçar do zero, mas com uma ajudinha providencial: a cantora e tecladista Christine Perfect, futura mulher de McVie.
Com o cantor Bob Welsh agregado e com novo endereço – trocaram Londres por Los Angeles – , lentamente a leda do blues deixou de lado o passado para abraçar o soft rock na primeira metade da década dos anos 70, pavimentando um novo caminho.

Vários discos depois e uma ciranda intensa de mudanças na formação, eis que o sucesso chega, graças, em parte, às entradas de Lindsay Buckingham (guitarra e vocais) e Stevie Nicks (vocais). Mas dá para chamar o que virou a banda de Fleetwood Mac?

"Nosso nome está lá. Só não admite quem é cego. Não estamos presos ao passado. E daí? É o que somos e o som que fazemos é nosso. Para mim basta", disparou certa vez o guitarrista Buckingham contra jornalistas saudosistas da época de ouro do blues.

O fato é que fãs e jornalistas ficaram confusos, pois a banda que gravou as obras dos anos 60 certamente é muito, mas muito diferente da que gravou "Rumours" dez anos depois.

Para delírio daqueles que odeiam o purismo, foi "Rumours", que completa 40 anos neste ano de seu lançamento, que catapultou o Fleetwood Mac para o primeiro time do pop, por onde ficou de 1977 a 1982.

Sofisticado, intenso e extremamente bem produzido, "Rumours" foi considerado à época como o disco pop perfeito, tanto em termos de repertório como em termos de produção. Até então era o álbum pop mais vendido de todos os tempos.

Fleetwood Mac em 1977: da esq. para a dir., Lindsay Buckingham, Christine McVie, Mick Fleetwood, Stevie Nicks e John McVie (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Com melodias certeiras e letras pesadas, mas com tratamento pop palatável, o álbum mostrou que era possível agregar refinamento e ideias complexas a canções simples, de fácil apelo.

Para isso, foi fundamental o trabalho da cantora Stevie Nicks e da habilidade quase sobrenatural para ganchos pop de Buckingham, um compositor de alto calibre.

"Rumours" apontou a direção para onde o pop poderia se expandir em uma época onde o rock parecia estagnado e a disco music ainda estava tímida – todos à espera do furacão punk para a devastação que viria.

O álbum é um desfile de hits radiofônicos, como a bela "Don't Stop", a singela e tocante "Dream" e a enfática ""Never Going Back Again", para não falar nas boas "The Chain", "Go Your Own Away" e "Second Hand News". Se alguém quiser um exemplo máximo de música pop bem feita e bem produzida, "Rumours" é a peça que deve ser apresentada.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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