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30 anos do álbum ‘Vida Bandida’, que marcou o auge da criatividade de Lobão

Combate Rock

28/03/2017 17h01

Ricardo Gozzi – do site Roque Reverso

"Vida Bandida" completa 30 anos em 2017 na condição de um dos melhores e mais bem sucedidos álbuns da história do rock nacional. No auge de sua criatividade, Lobão proporcionou ao grande público um disco repleto de riffs poderosos, letras cáusticas e músicas que até hoje figuram entre o melhor de sua produção.

Lobão vinha de bons trabalhos nos anos anteriores, tendo lançado o EP "Decadence Avec Elegance" em 1985, ainda com "Os Ronaldos", e o LP "O Rock Errou", no ano seguinte, que ultrapassou a marca de 100 mil cópias vendidas.

Enquanto o Lobão PJ despontava para o sucesso na esteira do Rock In Rio, o Lobão Pessoa Física ganhava os holofotes com as polêmicas que arrastariam sua carreira musical para o limbo alguns anos depois.

Em 1986, Lobão foi preso por porte de drogas para consumo pessoal, o "crime" que até hoje superlota o sistema prisional brasileiro, transformando-o nessa bomba-relógio que conhecemos.

Para o LP seguinte, Lobão e a gravadora RCA aproveitaram-se da publicidade em torno da detenção para promover estrondosamente um álbum de autoafirmação, inaugurado por uma faixa-título dotada de guitarras pesadas e de uma crítica social inteligente.

Assim como a faixa "Vida Bandida", a maior parte das demais músicas do disco é fruto de parceria entre Lobão e o poeta Bernardo Vilhena, responsável pela maioria das letras. O álbum segue com uma evidente mistura de rock pesado e blues, mas sem se fechar para outros estilos.

O Lado A segue com "Da Natureza dos Lobos", a clássica "Nem Bem Nem Mal", "Soldier Lips", com letra em inglês, e fecha com a tranquila "Girassóis da Noite".

Já o Lado B guarda o hit que levou o álbum a alcançar Disco de Platina. Começa com "Esse Mundo que eu Vivo", pela pela genial "Vida Louca Vida" e por "Tudo Veludo" até chegar a "Rádio Blá", aquela do refrão "Blá blá blá… eu te amo". A música escrachava as rádios comerciais – e foi tocada à exaustão pelas mesmas emissoras, virando até mesmo tema de novela na Rede Globo.

O disco encerra com a sensível e poética "Chorando no Campo" e marca o auge criativo e comercial de Lobão.

Oficialmente, "Vida Bandida" vendeu em torno de 400 mil cópias. Acredita-se, porém, que tenha vendido muito mais. Tanto que Lobão depois encampou uma batalha contra a indústria fonográfica, chamando a atenção para a falta de controle quantitativo sobre a impressão, na época, de LPs e mais tarde de CDs.

Livros e revistas passam pelo mesmo problema. Se alguém disser que vendeu mil ou um milhão, dificilmente será possível saber com certeza por não haver meios eficazes de controle, prejudicando, é claro, a classe artística.

Nos anos seguintes, com "Cuidado!" e "Sob o Sol de Parador", Lobão promoveu uma série de experimentações musicais bacanas até, mas não conseguiu repetir o êxito comercial de "Vida Bandida". Depois desta boa sequência de álbuns, ele voltaria a gravar um bom disco de rock somente em 2005, "Canções Dentro da Noite Escura", mas nada que chegasse perto da fábrica de hits que o artista se transformou na década de 1980.

Ao mesmo tempo, além da batalha com a indústria fonográfica, em 1989, ele aproveitou o microfone da Rede Globo para pedir voto para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais daquele ano. A ousadia o transformou em um pária para a mídia conservadora, que o relegou ao ostracismo por bastante tempo.

Os anos passaram e as posições políticas de Lobão migraram da extrema-esquerda para a extrema-direita. A mídia conservadora até tentou reabilitá-lo depois dessa endireitada, em especial o Grupo Abril, mas não rolou. O Lobão de hoje não passa de um articulista panfletário de uma revista mitômana, mas o do passado entregou um dos melhores álbuns de hard rock já produzidos no Brasil.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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