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Pat Travers, o pai do blues pesado, lança excelente CD com show de 1976

Combate Rock

24/03/2017 06h54

Marcelo Moreira

O precursor do blues pesado, resvalando no rock – ou mesmo se unindo a ele – chama-se Pat Travers. O guitarrista canadense de 61 anos foi o primeiro a levar o timbre gordo e sujo do rock de garagem para o blues puro, criando uma sonoridade cheia de groove e peso, indo na direção oposta de Jimi Hendrix, seu ídolo.

Há dois anos ele laçou no mercado norte-americano mais dois álbuns ao vivo: "Live at the Iridium NYC" e "Snorthin' Whiskey at the Warfields: Official Bootleg", os dois com a Pat Travers Band  – uma da suas três encarnações, sendo as outras duas a carreira solo e o Pat Travers Trio.

Vasculhando os seus arquivos, eis que ele achou uma pérola de 1976: "Live at Rockpalast: Cologne 1976", gravação de um show feito para o famoso programa de televisão da Alemanha, que já exibiu apresentações de todos os principais astros do rock.

Visceral e pesado, Travers tentava se vender como um artista de hard rock, que estava começando a ficar em alta à época. No entanto, é possível ver os fundamentos de uma carreira fantástica, com quase 30 álbuns em mais de 40 anos de carreira.

O guitarrista, então muito jovem, demonstrava a algumas características que o tornariam famoso sobretudo na Europa: frases velozes, timbre pesado e solos faiscantes.

Travers, ainda no formato trio, destila um repertório ainda imaturo, mas que já apresentava o hit "Boom Boom (Out Go the Lights)", aqui em uma versão mais boogie e menos acelerada.

Outros destaques são a festiva "Feelin' Alright", a pesada "You Don't Tell Me", a rápida "Rock'n'Roll Susie" e a emblemática e carismática "Makes No Difference".

Por enquanto, o CD está à venda somente na Europa e nos Estados Unidos, em CD simples e pacote com CD mais DVD.

Travers ficou conhecido nos anos 80 como um músico que sempre dá a impressão de que está se divertindo o tempo todo gravando e tocando ao vivo. Boa praça e bem relacionado, é admirado por gente como Glenn Hughes (ex-Deep Purple e Black Sabbath) e Brian Howe (ex-Bad Company).

A comparação é grosseira, mas ele foi ontem o que hoje é Joe Bonamassa – a referência atual maior do blues rock mais pesado, legado que capturou de outro mestre canadense da guitarra, Jeff Healey, o ás cego que fazia miséria na steel guitar e no slide – e que morreu de câncer em 2008.

Paixão pelo blues

Patrick Henry Travers decidiu cair no rock em 1966, aos 12 anos, quando assistiu a uma apresentação de Jimi Hendrix em Ottawa, capital canadense. Rapidamente. Caiu na estrada anos depois com o roqueiro Ronnie Hawkins, praticando rockabilly. Aos 20 anos, já um astro local, partiu para Londres e em pouco tempo já tinha banda e um contrato com a Polydor Records.

Seu segundo baterista foi ninguém menos do que Nicko McBrain, hoje no Iron Maiden, que gravou os dois primeiros álbuns, "Pat Travers"  (1976) e "Makin' Magic" (1977), este último convidados ilustres como Glenn Hughes e o guitarrista Brian Robertson (Thin Lizzy, Motörhead).

Nos seus shows, Travers, além de executar as músicas com bastante energia, deixava transparecer ser um cara bem simples, que interagia de forma descontraída com o público. A admiração de Hughes vem dessa época, quando tocou no primeiro álbum solo do baixista, "Play Me Out", de 1977.

"Makin' Magic" é a melhor porta de entrada para o universo pesado e revigorante de Pat Travers, cantando e tocando de forma extraordinária. Ouça "Statesboro Blues", de Willie McTell, que se torna um rock visceral e mostra o guitarrista inspirado, empurado pela insolente e nervosa guitarra de Brian Robertson.

Entretanto, é outra música que se tornou um hino: "Stevie", uma balada pesada que anos depois serviu de homenagem em vários shows a Stevie Ray Vaughan, morto em agosto de 1990. O solo de guitarra ao final da música é simplesmente fantástico. Merecem destaque também "Hooked on Music" e "What You Mean to Me".

Aproveite e também vá atrás de "Live! Go for What You Know", álbum ao vivo de 1979, com um jovem Travers ainda disparando rajadas de fogo em sua guitarra ensandecida.

Outra dica é ir atrás dos três álbuns gravados pelo projeto Travers & Appice,  ao lado do baterista norte-americano Carmine Appice (ex-Vanilla Fudge, Beck, Bogert & Appice, Blue Murder, King Kobra) e do extraterrestre baixista T. M. Stevens. São eles "It Takes a Lot of Ball", "Bazooka" e "Live at the House of Blues", que mostram Travers mais roqueiro e bem mais pesado, deixando claro que o guitarrista é o elo perdido entre Joe Bonamassa, Jonny Lang, Eric Gales, Philip Sayce e Jimi Hendrix.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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