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Lacuna Coil mostra nítida evolução, e Samsara Blues Experiment encanta com peso e psicodelia

Combate Rock

15/03/2017 07h07

Marcelo Moreira e Henrique Neal*

Integrantes do Lacuna Coil recebem camisas personalizadas do Palmeiras antes do show em São Paulo (FOTO: DIVULGAÇÃO/LIBERATION/FERNANDO PIRES-FLPIRES.COM.BR)

Carisma é tudo. O Lacona Coil se esforça, e muito, mas a presença da boa vocalista Cristina Scabbia toma conta do palco e transforma o que seria um show com não tantos atrativos em um evento roqueiro de muito boa qualidade.

A banda italiana conseguiu escapar da armadilha do chamado new metal. Expandiu o seu som ao longo dos últimos 15 anos, com guitarras mais elaboradas e um som mais pesado e robusto. O resultado é que a base de fãs aumentou muito, principalmente nos Estados Unidos.

No show que a banda fez em São paulo no dia 11 de março, no Carioca Club, Cristina brilhou, mas a banda mostrou-se coesa e firme, acabando com a impressão, deixada em vezes anteriores, de que era um suporte de luxo para a diva.
A evolução é visível em todos os sentidos.

O Lacuna Coil subiu de patamar, sempre com o trabalho de guitarras à frente e soando menos distorcido do que de costume. As músicas ganharam força, com nuances que saltam aos ouvidos em relação a outras apresentações.

Os ponto altos do show foram a ótima "Spellbound", a excitante "Ultima Radio" e a nova e pesada "Blood, Tears, Dust". Uma banda de respeito, que fez um show de ótima qualidade.

No Clash Club, um dos shows mais esperados deste primeiro trimestre entregou o que prometeu. Samsara Blues Experiment, a banda alemã que surgiu como sensação do rock psicodélico na década passada, fez uma apresentação densa, viajante e pesada.

Não é um som fácil de apreciar. O psicodelismo muitas vezes descamba para o progressivo puro, com longas viagens sonoras, mas com alta qualidade e execução impecáveis.

À primeira vista, tem-se a impressão de que o quarteto decamba para uma jam session sem fim, como um Pink Floyd desgovernado da época dos álbuns "Ummagumma" e "Atom Heart Mother".

No entanto, existe um foco e um percurso muito claro percorrido pelos músicos. Delírios se transformam em suítes pesadas e intensas, com um clima angustiante e torturante, e muitas vezes libertador quando as longas canções chegam a um ápice.

Flagrante do show do Samsara no Cais da Imperatriz, no Rio de Janeiro (FOPTO: ABRAXAS/DIVULGAÇÃO)

Um espectador à beira do palco definiu bem uma das paisagens sonoras impostas ao público: "uma experiência lisérgia transcedental e, em elaguns pontos, extrassensorial".

O grande cavalo de batalha do agora trio é "Singata Mystic Queen", com suas levadas que misturam o prog do Pink Floyd e o hard setentista do Uriah Heep, com o blues permeando algumas das passagens mais marcantes.

"Into the Black", "Center of the Sun" e "Lost Souls" foram outros dois temas que impressionaram pela qualidade das execuções, com boas doses de peso e riffs despejados sem dó.

Samsara Blues Experiment é um raro caso de banda que consegue fazer algo diferente na atualidade, ainda que não haja originalidade – mas quem consegue ser original neste século XXI?

Foi um excelente aperitivo para a vinda de outra banda ótima do mesmo estilo, os americanos do Atomic Bitchwax, que em breve estarão no Brasil.

* Henrique Neal é publicitário e gentilmente colaborou com o Combate Rock 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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