The Who no Brasil será nada menos do que memorável
Combate Rock
09/03/2017 12h00
Marcelo Moreira
A importância do fato teve a dimensão que merecia: a confirmação do primeiro show de The Who no Brasil foi em horário nobre, em pleno Jornal Nacional, da TV Globo. A banda inglesa vai tocar no dia 23 de setembro, sábado, no Rock in Rio, antes do Guns N'Roses – uma imensa heresia e um desrespeito tremendo. Datas em São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre devem ser anunciadas em breve.
Única das bandas gigantes que nunca passou pelo Brasil – as outras, ao menos, tiveram seus integrantes em shows dolo, como o Pink Floyd e o Led Zeppelin -, a vinda do Who pode sere considerado o evento da década no rock, comparada a qualquer show dos Rolling Stones por aqui, ou até mesmo às fantásticas apresentações de Bruce Springsteen anos atrás por aqui.
Ao contrário do que muitos poderiam imaginar, de que a anunciada última turnê da banda obrigatoriamente passaria pela América do Sul, nada indicava que isso aconteceria. Por pelo menos duas vezes o grupo anunciou negociações para tocar por aqui, e nenhuma delas progrediu.
Justamente por isso é que as apresentações do Who serão históricas: não estavam programadas para ocorrer no Brasil ou na Argentina.
A banda nunca fez questão de vir à América do Sul, como também não tinha a menor vontade de ir ao Japão ou à Austrália, dois mercados importantíssimos para o rock, em especial para os artistas de classic rock. Só se apresentou no Japão há dois anos e, na mesma turnê, voltou à Austrália depois de mais de 45 anos de ausência.
São 53 de anos de história que devem terminar dezembro, e seria um pecado Pete Townshend e Roger Daltrey não mostrarem sua genialidade em terras brasileiras – até para mostrar o que perderam em termos de público e dinheiro. já que certamente lotarão arenas.
Nas duas últimas turnês, a qualidade das performances e dos shows variaram bastante. Embora não goste de falar nisso, Daltrey admitiu em uma entrevista a uma emissora de TV inglesa que a idade pesa em alguns momentos – ele acabou de fazer 73 anos neste mês de março, enquanto Townshend faz 72 em maio.
A irregularidade rendeu críticas nos Estados Unidos, mas os europeus acabaram sendo mais condescendentes. Em alguns shows a energia esteve aquém, mesmo em relação aos bons momentos da atual turnê.
Daltrey foi um dos poucos de sua geração que manteve a voz em bom estado, na comparação com Ian Gillan (Deep Purple), Robert Plant (Led Zeppelin), Rob Halford (Judas Priest) e David Coverdale (Whitesnake). No entanto, desde 2008 ela já não é mais potente e com alcance, embora ainda dê conta do recado, em situação semelhante à de Mick Jagger (Rolling Stones).
Pete Townshend ainda é o motor da banda, mas já não tem todo aquele vigor mesmo na comparação com apresentações mais recentes, como Glastonbury 2007 ou Londres, em 2013. Sua maneira de tocar guitarra está menos incisiva, com a adaptação da forma de tocar às suas atuais condições físicas.
Isso tudo é nada na relação custo-benefício sobre o que representa a vinda do Who. Muita gente estava preocupada, em 2013, com o show do Black Sabbath tendo Ozzy Osbourne nos vocais – a primeira vez que isso ocorreria no Brasil, Sabbath com Ozzy. Para alívio de todos, a performance do cantor foi bastante satisfatória.
Com uma banda de apoio excelente – Zak Starkey na bateria, Simon Townshend na guitarra base e Pino Palladino no baixo, além dos tecladistas Frank Simes e Loren Gold -, são pequenas as chances de dar errado. O show do Rock in Rio deverá ganhar as maiores atenções, mas os demais serão igualmente memoráveis.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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