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Raduan Nassar, um escritor rebelde mais roqueiro do que a maioria dos roqueiros nacionais

Combate Rock

17/02/2017 18h39

Marcelo Moreira

Raduan Nassar é um cara esquisito, com caras e modos de poucos amigos, bem distante da figura que imaginamos quando se termina de ler um baita livro como "Um Copo de Cólera". É um cara que decidiu parar de escrever em 1980 e viver recluso, para depois voltar a escrever e continuar recluso.

Nesta sexta-feira, 17 de fevereiro, descobrimos que Nassar, além de estilista e gigante da literatura, também é um artista heavy metal, sem medo de chutar canelas onde quer que esteja e sejam elas de quem for.

Ele recebeu o prêmio Camões relativo ao ano de 2016. É como se fosse um prêmio Nobel de Literatura, mas só de escritores de língua portuguesa. Para escritores que publicam em português, é o mais importante de todos, exceto, óbvio, pelo Nobel.

Na cerimônia de entrega do prêmio, em São Paulo, com a presença do ministro da Cultura, Roberto Freire, que um dia foi o líder máximo do PCB (Partido Comunista Brasileiro), Nassar bateu forte no governo federal comandado por Michel Temer e sobre as políticas públicas que estão sendo levadas a cabo por "gestores" do PSDB em vários locais do Brasil.

O escritor criticou o suposto golpe contra a ex-presidente Dilma Roussef, a postura política de Temer em relação a vários assuntos ligados a temas sociais e à maneira de como a Justiça é mais "parcimoniosa" com atos administrativos do atual governo. "Estamos vivendo tempos sombrios", disse o escritor. Freire discursou depois e criticou as falas de Nassar, defendendo o governo.

É evidente que a politização do evento gerou um grande constrangimento, mas o que se quer destacar aqui é a coragem de Raduan Nassar de se posicionar politicamente durante um grande evento sem recorrer aos instrumentos de praxe, mantendo um elevado nível.

O comportamento do escritor é um exemplo de postura política combativa e de resistência sem a necessidade de xingar com palavrões o presidente de plantão durante um show ou aparecer em vídeos na internet ao lado de figuras duvidosas e até execráveis vomitando coisas das quais certamente desconhece.

Independentemente de se concordar com as opiniões de Nassar – sempre recluso, topou participar em 2016 de eventos e manifestações a favor da permanência de Dilma Roussef na Presidência -, o escritor foi firme, contundente e articulado.

Ou seja, tudo o que a imensa maioria dos roqueiros brasileiros deixaram de ser, com algumas poucas exceções.

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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