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Morre Geoff Nicholls, o mais leal colaborador de Tony Iommi e do Black Sabbath

Combate Rock

31/01/2017 07h00

Marcelo Moreira

O cidadão era um músico esforçado, tocava vários instrumentos, mas a sorte insistia e fugir dele e de sua banda, o Quartz, na segunda metade dos anos 70. Já tinha tocado com todo mundo no underground de Londres, conhecia muita gente importante, mas as coisas não viravam.

E eis que um Black Sabbath em crise surge e a amizade com o guitarrista Tony Iommi se solidifica – aquele guitarrista e tecladista solícito e amável deu uma grande força para o famoso do Sabbath seguisse em frente.

Geoff Nicholls, por conta disso, tem seu nome até hoje ligado à banda e seguiu ajudando Iommi por quase 20 anos, entre 1977 e 1996.

"É com muito pesar que fiquei sabendo sobre a morte de um de meus amigos mais próximos e queridos.", escreveu Tony Iommi no Facebook.

Geoff Nicholls, em foto dos anos 2000 (FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK E YOUTUBE)

"Geoff e eu sempre fomos muito próximos e ele me apoiou bastante ao longo de quase 40 anos. Sentirei muito sua falta e ele estará sempre em meu coração, até o próximo reencontro. Descanse em paz, querido amigo", finalizou o membro fundador do Sabbath.

Morto aos 68 anos em 28 de janeiro, em consequência de um câncer de pulmão, o músico é considerado por muitos o parceiro mais leal que Tony Iommi teve na vida profissional – e ganhou quase nada por isso.

As crises do Sabbath com Ozzy Osbourne, o vocalista, entre 1977 e 1979 transformaram a vida da banda em um inferno, mas Nicholls esteve sempre presente, ajudando Iommi a dar forma a canções que estariam nos álbuns seguintes da banda. E então se transforma em colaborador fixo, ora como tecladista, ora como guitarrista ocasional no estúdio e nos palcos.

Amigo de todas as horas, Nicholls teve o seu melhor momento quando finalmente virou integrante oficial do Black Sabbath em 1986.

O que deveria ser um álbum solo acabou se transformando em disco da banda – "Seventh Star". Foi a única vez que a banda se tornou um quinteto de forma oficial – Glenn Hughes (vocais), Tony Iommi (guitarra), Dave Spitz (baixo), Eric Singer (bateria) e Geoff Nicholls (guitarra e teclados).

A alegria durou pouco, já que essa formação seria desfeita ainda naquele ano. Com a chegada de Ray Gillen para cantar, o quinteto foi mantido por breve momento, mas tudo desandou em 1987.

Nova reformulação, novo vocalista, nova formação, e o quarteto se torna a regra. Chega Tony Martin para cantar, e Nicholls é deslocado novamente para os bastidores, para o fundo do palco e para a discrição na ficha técnica como integrante da produção nos álbuns daquele período da banda.

Não demorou muito para que o fim da colaboração viesse após "Forbidden", de 1995, e a volta da formação original para os shows dos anos seguintes. Era o fim da linha.

Talentoso, bom compositor e extremamente disciplinado, Nicholls era um oásis de organização e otimismo em uma bagunça total que era a banda que Iommi chamava de Black Sabbath nos anos 80.

Enquanto outros amigos e músicos importantes passavam por ali rapidamente, como o baixista Neil Murray e os bateristas Cozy Ppowell e Bobby Rondinelli, lá estava o correto e leal escudeiro para organizar gravações e dar algum sentido à produção musical caótica daquele período.

Black Sabbath como quinteto, em 1986: da esq. para a dir., Geoff Nichols, Tony Iommi, Dave Spiz, Eric Singer e Glenn Hughes (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Por isso tudo é que Geoff Nicholls não escondeu a decepção de ter sido afastado do Black Sabbath a partir do final dos anos 90. Segundo amigos, ele chegou a reclamar de que teria ficado anos sem falar com Tony Iommi após "Forbidden" e que não sabia o motivo de tal afastamento.

Nos últimos anos, tentou reativar o Quartz, que fez uma rápida turnê pela Inglaterra, e fez alguns trabalhos em estúdio e nos palcos com o Tony Martin, outro que o Black Sabbath e Iommi deixou pelo caminho.

Não há notícia de que tenha deixado registros escritos sobre sua trajetória musical. Certamente teria boas histórias para contar sobre o Sabbath e como era sobreviver no segundo escalão/underground do rock mundial.

 

 

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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