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David Bowie continua cada vez mais vanguardista, mesmo morto

Combate Rock

07/01/2017 07h05

Marcelo Moreira

David Bowie em cena de videoclipe (FOTO: REPRODUÇÃO)

David Bowie transformou a sua morte em obra de arte, como muitos críticos musicais vaticinaram, mas o cantor inglês fez mais do que isso: mesmo morto, tornou-se o artista musical mais importante de 2016 e o mais relevante, de sua geração, no século XXI, ao lado de Paul McCartney.

Com duas obras de fôlego no ano passado – o CD "Blackstar" e o musical "Lazarus", baseado na musica homônima contida no disco citado -, Bowie surfou nas paradas e se tornou um campeão de vendas.

Até que ponto sua morte, em janeiro de 2016, dois dias depois do lançamento do último trabalho, impulsionou a performance de "Blackstar" e o sucesso no musical na Broadway?

Quem tentar responder estará perdendo tempo. A alta qualidade dos trabalhos, presentes em mitas listas de melhores do ano, desmontam qualquer tentativa neste sentido.

Sinônimo de inovação e de competência, David Bowie mostrou o caminho: para se dar bem na indústria do entretenimento musical do século XXI é preciso ousar e apostar em trabalhos de qualidade, mesmo sendo um gigante da história.

McCartney consegue se ombrear, em termos de bons trabalhos nos últimos anos, a Bowie, mas não foi tão bem-sucedido.

Os Rolling Stones preferiram o conforto do dinheiro fácil dos trabalhos ao vivo e dos covers de blues, enquanto que U2 patina em busca da inspiração perdida e o Metallica ainda tenta resgatar o tempo que se esvaiu ao longo dos últimos 16 anos.

A vanguarda musical tem seus percalços e seus obstáculos, como bem souberam Frank Zappa, John Cage e Lou Reed. Entretanto, as compensações são imensas e rejuvenescedoras. Um dos prêmios é uma imortalidade ainda mais imortal

David Bowie mostrou o caminho para manter a relevância artística por mais de 50 anos, fazendo pouca ou nenhuma concessão. Sua crença em seu próprio trabalho era tamanha que pouco espaço sobrava para a autocomiseração.

Bowie conseguiu surpreender de tal forma em seu epitáfio musical que sua partida soa cada vez estridente que sua partida ainda soa dolorida, um ano depois. Pejo jeito, o barulho continuará grande por muito tempo.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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