Nova versão de 'Paranoid', do Black Sabbath, traz shows raros de 1970
Combate Rock
23/12/2016 06h32
Marcelo Moreira
Depois da maravilhosa edição de luxo do álbum "2112", do Rush – CD duplo e DVD com show raro de 1976 -, agora é a vez do Black Sabbath lançar a suculenta versão quádrupla, em CD, de "Paranoid", o segundo álbum do grupo, lançado no final de 1970. É uma comemoração dos 45 anos de sua chegada às lojas.
A edição original (CD 1) recebeu novo tratamento de estúdio, com masterização e mixagem de última geração, deixando o som mais nítido, mas sem alterar timbres ou aquele clima "sujo", de urgência, registrado à época.
No segundo CD, uma curiosa versão mixada em 1974, que recebeu o subtítulo de "Quadradisc Mix in Stereo 1974". Não é nada extraordinário, mas é possível notar algumas pequenas diferenças em relação à mixagem original. Para os fãs, é prato cheio.
As joias da edição, no entanto, estão nos outros dois CDs. No terceiro, finalmente surge de forma oficial a rara apresentação do Black Sabbath no festival suíço de Montreux, em meados de 1970.
O quarteto surge no festival meio tímido no início, como uma banda de boteco, mas aso poucos se solta e mostra uma qualidade impressionante para uma banda até então pouco conhecida.
Aparentemente tocando em um palco secundário, o Black Sabbath abusa do blues pesado no início da apresentação para descambar um pouco depois, na terceira música ("Behind the Waal of Sleep") em um rock bruto e agressivo, com destaque para a incendiária guitarra de Tony Iommi.
No palco suíço, a bandas já antecipava algumas músicas de "Paranoid", como "Iron Man" e "War Pigs", clássicos supremos do heavy metal, assim como "Hand of Doom".
Black Sabbath em 1970: em cima, da esq. para a dir., Geezer Butler, Bill Ward e Ozzy Osbourne; Tony Iommi está sentado (FOTO: DIVULGAÇÃO)
No CD 4 aparece outra raridade, esta já circulando há anos em bootlegs (gravações piratas). "Live in Brussels 1970" é um registro de uma apresentação em Bruxelas, capital da Bélgica, na época do lançamento do álbum, ainda em 1970.
A banda aqui está mais afiada, mais confiante, e já mostra um peso que certamente era desconhecido no rock da época, com Geezer Butler acentuando as suas influências do mestre John Entwistle, baixista do Who, transformando seu instrumento em uma verdadeira guitarra base na maioria das músicas.
Neste show há mudança significativa de repertório, agora baseado em "Paranoid", sendo que a faixa-título abre o show de forma demolidora, seguindo alucinadamente com "Hand of Doom", "Iron Man" e "Rat Salad".
Na execução de "War Pigs", brutal e avassaladora, é possível perceber que há um silêncio diferente antes e depois da execução, como se o público estivesse chocado com o impacto da canção, assimilando a pancada. Resenhas de shows do Black Sabbath da época mencionam o tal impacto quando "War Pigs" era tocada.
O clichê aqui é totalmente necessário: é imperdível, assim como a nova versão de "2112", do Rush. A questão é que não há previsão de lançamento de ambas as versões no Brasil. Portanto, restam as versões inglesas e norte-americanas, com preços salgadíssimos. Entretanto, seria um maravilhoso presente de Natal para qualquer amante do rock.
Sobre os Autores
Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.
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