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Psicodella: estréia em disco autoral com muita energia - parte 1

Combate Rock

20/11/2016 06h43

Julio Verdi – do blog Ready to Rock

Psicodella (FOTO: DIVULGAÇÃO)

Mesmo em tempos em que comprar CDs já não mais o hábito mais praticado por fãs de rock, o lançamento de um álbum ainda se configura como meta principal das bandas que se dedicam a produzir música autoral. E, quando se trata de um primeiro full length, essa meta é sempre cercada de muitas expectativas. Afinal, qual músico não tem uma overdose de curiosidade pra saber o que ou ouvintes estão achando de seu trabalho.

E imagino que essa realidade se aplique à banda Psicodella. Nascida em São José do Rio Preto, ela se chamava anteriormente Torn, e circulava por diversas cidades da região, atuando com covers de nomes como System of a Down, AC/DC, além de artistas nacionais como Pitty e Raimundos.

Até que em 2016, vieram mudanças profundas na carreira do grupo, que hoje tem Anie Doná (vocal), Walter Poletti (guitarra), Daniel Borsato (bateria) e Hailon Vançan (baixo).

Primeiro mudaram de nome, passando a chamar-se Psicodella. E gravaram no estúdio Busic (em Sampa, dos irmãos Andria e Ivan Busic, ex-Dr.Sin) seu primeiro disco, com 9 temas puramente autorais. A partir de então a banda passou a mesclar seu repertório, dividindo-o entre os covers e suas próprias criações.

O que chama a atenção logo de cara é a qualidade da produção. Efeitos de guitarra e baixo muito bem equilibrados, bateria concisa e amigável com os arranjos e os vocais de Anie, soando com ótima dose de agressividade.

Por ter uma mulher à frente dos microfones, muita gente pode ter um conceito prévio de associar o grupo a nomes como Pitty, Pato Fu ou Toyshop. Ledo engano, amigo leitor.

O quarteto aqui pratica um hard rock muito bem arranjado, com fortes referências a classic rock, e executado de maneira bem visceral. Os solos de guitarra curtos e precisos. As músicas têm peso e acessibilidade, convivendo simultaneamente. As letras versam sobre existencialismo, condições sociais/amorosas e odes ao estilo de vida rock and roll, sem soarem superficiais ou intelectualóides demais.

Destaques? O álbum todo é nivelado por cima em termos de entusiasmo sonoro. Nada é meia boca. Mas vamos a alguns. O disco abre com "#nuncaserão", o qual poderíamos classificar com o hit da banda. Levada com muito groove (característica da maioria das músicas, ouça "Deixa o rock rolar") e um refrão grudento.

"Só guardo o que é bom" e "Até logo" são as mais cadenciadas, a primeira com seu início no esquema balada (chimbau e dedilhado), para ganhar peso posteriormente, a segunda tem um bom apelo radiofônico. Seria forte candidata a rolar nas FMs por aí, não fossem a$ influência$ que elas tem das gravadoras.

"Quem vai nos ouvir" começa com a força visceral do vocal (cujo refrão tem vozes dobradas) e tem como base a levada de rock clássico nos fraseados de guitarra (e um destacado solo de guita).

Outro destaque latente do trabalho é "Way to Go", licks e base se intercalando (lembranças melódicas de AC/DC são fáceis de se identificar), cadência precisa da batera e uma aura prazerosa aura rock and roll nas linhas vocais. E o disco fecha com "Te salvar", talvez a mais densa do disco, levada por paletadas nervosas da guitarra e um conjunto de backings que dão um sabor especial às refrões.

Enfim, um disco objetivo e agradável. Não se surpreenda caso se ouça cantarolando várias partes das músicas deste disco. Afinal, ele tem uma saudável aura de pegajosidade. Até onde o álbum pode levar a banda em termos de carreira não sabemos, mas que é um início fonográfico vibrante, com certeza é. Way to go.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

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