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O Brasil precisa do pop brasileiro

Maurício Gaia

11/11/2016 16h08

Maurício Gaia

Durante os anos 70, uma leva de artistas ocupou o espaço no cenário musical brasileiro com um pop de classe: Ednardo, Raul Seixas, Secos & Molhados, Rita Lee, para citar alguns, enfiavam um hit atrás do outro, com grandes composições.

Até o colapso das gravadoras, esses artistas e os que os sucederam ao longo dos anos, tiveram espaço garantido nas tvs e rádios do Brasil, dando a eles o devido reconhecimento popular. No glorioso ano de 1984, Ritchie foi o maior vendedor de discos do país, vencendo Michael Jackson, com seu Thriller, e o indefectível Roberto Carlos. Puxado por uma música pop, mas que nada tinha de banal, com referências ao psicanalista Carl Jung.

Dos anos 2000 pra cá, o pop brasileiro transformou-se, adotando fórmulas mais simplistas e de resultados imediatos: comparar a estrutura musical de qualquer sucesso de uma Anitta (uma boa cantora, aliás) com o que é feito por artistas como Beyoncé, Rihanna ou até mesmo Justin Bieber, chega a ser constrangedor. Os americanos ainda mantém o rigor na construção do seu pop, enquanto seus congeneres brasileiros são, infelizmente, de uma mendicância estética gritante.

O grande Guilherme Arantes, em entrevista ao jornalista Sérgio Martins, da Revista Veja, atribui este enfraquecimento ao agronegócio: "Não tem como concorrer com empresários da área da produção de cana, de boi. O cara é dono de emissora de rádio, foi prefeito, tem tv, vai ser senador, tem 70 carretas e investe 10 milhões de reais no garoto e aí a gente vê essa cena onde a música é o de menos. Esse é o problema".

Mahmundi, ao vivo (foto: Maurício Gaia)

 

 

Felizmente, há exceções: gente como Mahmundi e Silva representam a melhor linhagem do que se produziu no Brasil. Em um pocket show no Secret Festival, que aconteceu no domingo, em São Paulo, a cantora carioca pôde mostrar que as canções de seu repertório merecem as massas, merecem estar no antigo Globo de Ouro, no Faustão, no Gugu. Mahmundi merece, Silva merece, nós merecemos. O Brasil precisa do pop brasileiro.

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Sobre os Autores

Marcelo Moreira, jornalista, com mais de 25 anos de profissão, acredita que a salvação do Rock está no Metal Melódico e no Rock Progressivo. Maurício Gaia, jornalista e especialista em mídias digitais, crê que o rock morreu na década de 60 e hoje é um cadáver insepulto e fétido. Gosta de baião-de-dois.

Sobre o Blog

O Combate Rock é um espaço destinado a pancadarias diversas, com muita informação, opinião e prestação de serviços na área musical, sempre privilegiando um bom confronto, como o nome sugere. Comandado por Marcelo Moreira e Mauricio Gaia, os assuntos preferencialmente vão girar em torno do lema “vamos falar das bandas que nós gostamos e detonar as bandas que vocês gostam..” Sejam bem-vindos ao nosso ringue musical.
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